Se destacar em um gênero com fãs exigentes não é uma tarefa fácil, especialmente quando falamos de RPG por turnos.
Vivemos tempos onde apenas ter uma história cativante não basta, é preciso oferecer um gameplay que resista a décadas de brilhantismo, inovações, repetições e crises de identidade.
É por isso que fiquei bastante impressionado com Clair Obscur: Expedition 33 desde o primeiro trailer.
O jogo de estreia do estúdio francês Sandfall Interactive prometia um combate estilizado, nos moldes de Persona 5, aliado a mecânicas desafiadoras como aparada e esquiva, além da história intrigante em um universo original.
Situado em um continente transformado pelo evento que ficou conhecido como a Fratura, Expedition 33 conta a história dos Expedicionários, um grupo de resistência que luta contra a ameaça da Artífice, uma poderosa figura que colocou a humanidade em uma corrida contra o tempo.
Munida não de armas, mas de tintas, a Artífice acorda uma vez por ano para pintar um número, ou melhor, pintar a idade de quem vai morrer em um ano.
Morrer aos 33 não faz parte dos planos da Expedição 33, portanto, prepare seu pincel, mon ami: você não pintará novamente!
RPP (Review para preguiçoso)
Após 40 horas, posso dizer que o jogo — em grande parte — entrega em sua promessa.
A história é instigante e te faz querer buscar cada informação sobre o mundo, seja ouvindo registros de expedições anteriores, ou admirando as cinemáticas caprichadas nos momentos importantes da história.
Todos os personagens são bem desenvolvidos, com motivações próprias e arcos que fazem sentido dentro de um universo que claramente foi pensado com muito carinho.
O ‘combate estilizado’ não é só estilo, é envolvente e rítmico. Usar a esquiva é satisfatório, aparar um ataque especial me transforma em um adolescente que grita “toma otário” para a tela do computador, tudo ao som de vocais femininos épicos de um mundo distante.
Quando a jogabilidade clica, você realmente está no controle de tudo e fica impossível sentir falta do velho botão de defesa dos RPGs tradicionais.
No entanto, Expedition 33 não deixa de cair em algumas armadilhas do gênero: locais importantes para a história com trechos que parecem puro grind ou apenas uma maneira de segurar o desenvolvimento da trama.
Visualmente me senti dentro de Silent Hill, já que uma névoa persistente continuava me impedindo de apreciar ao máximo a direção de arte do jogo durante a exploração, que por sinal, mostrou-se pouco gratificante em alguns momentos.
Mesmo com algumas falhas, Clair Obscur: Expedition 33 consegue unir o estilo moderno de RPGs de turno com referências externas, entregando um jogo que funciona e impressiona.
O que deu certo:
- A história e os personagens
- Direção de arte
- Jogabilidade
- Trilha sonora
O que poderia ser melhor:
- Árvore de habilidades
- Exploração e recompensas
- HUD do inventário/habilidades
- A névoa do Silent Hill
O que não funciona:
- O maldito mini game de escalada
Nota final:
85/100
Clair Obscur: Expedition 33 tem lançamento marcado para o dia 24 de abril no Windows, PlayStation 5 e Xbox Series X/S.