Além do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, três dos seus filhos irão depor a partir desta quarta-feira (1º) no julgamento civil em Nova York por fraude financeira que ameaça seu império imobiliário.

O depoimento de Donald Trump Jr, de 45 anos, está previsto para esta quarta-feira, após concluídos os depoimentos que o antecedem. O desfile do clã prosseguirá na quinta, com Eric Trump, de 39 anos.

Ambos são vice-presidentes executivos da Organização Trump, um conglomerado de diversas empresas, que administra arranha-céus residenciais e comerciais, hotéis de luxo e campos de golfe em todo o mundo.

Assim como o pai, eles são acusados pela procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, de inflacionar o patrimônio do grupo em milhões de dólares para obter empréstimos bancários mais vantajosos e melhores condições de seguros.

“Deixe meus filhos em paz, Engoron. Você é uma vergonha para a profissão judicial”, escreveu Trump na noite de terça-feira em sua rede Truth Social sobre o juiz de instrução do caso, Arthur Engoron.

O empresário também acusou o magistrado de ser “louco, totalmente desequilibrado e perigoso” e de “fazer o trabalho sujo do Partido Democrata”.

Desde o início do julgamento, em 2 de outubro, o juiz impôs multas a Trump, de 5.000 e 10.000 dólares (25.284 e 50.569 reais na cotação atual), que ele já pagou integralmente, por atacar a secretária judicial do tribunal.

Se Engoron cumprir o calendário, Donald Trump pai, de 77 anos, será interrogado na segunda-feira (6), a quase um ano das eleições presidenciais de 5 de novembro de 2024, às quais espera concorrer para voltar à Casa Branca.

Ivanka Trump, que deixou a Organização Trump em 2017 para ingressar na Casa Branca como assessora do 45º presidente dos Estados Unidos, irá depor dois dias depois como testemunha, embora não seja indiciada. No entanto, ela apelou nesta quarta da decisão do juiz de interrogá-la.

– Repetidas fraudes –

Sócios de longa data dos negócios da família, Donald Jr e Eric Trump assumiram as rédeas da Organização Trump quando seu pai chegou à Casa Branca.

Os advogados alegam que a valorização dos ativos do grupo, como a Trump Tower e o edifício 40 de Wall Street, foi subjetiva, mas honesta, e que os bancos não perderam um único dólar ao emprestar dinheiro à Organização Trump.

Mas segundo Michiel McCarty, diretor do banco de investimentos M.M. Dillon & Co, que subiu na tribuna como perito nesta quarta, bancos que concedem empréstimos, como o Deutsche Bank, poderiam ter fixado taxas de juros mais altas se tivessem uma imagem menos vultosa da situação financeira de Donald Trump.

Ele revisou quatro empréstimos para financiar projetos em torno de um campo de golfe na Flórida, dois hotéis de luxo em Washington e Chicago, além do prédio 40 em Wall Street, e estimou os prejuízos com juros em 168 milhões de dólares (R$ 873 milhões, na cotação atual) entre 2014 e 2023. Este cálculo foi impugnado pela defesa.

Donald Trump critica o que diz ser um julgamento “injusto”, promovido por uma procuradora “corrupta”, Letitia James, e por um juiz “canalha”, Arthur Engoron, a favor dos democratas para impedir seu retorno à Presidência.

Frequentemente presente nas audiências, o favorito nas pesquisas às primárias republicanas transforma cada uma das suas idas e vindas pelos corredores do tribunal em uma mini coletiva de imprensa. Ele alega ser vítima de uma maquinação judicial, como nos outros quatro casos em que enfrenta acusações criminais, especialmente por tentar anular as eleições presidenciais de 2020.

Sua presença nas audiências é também um sinal da importância que Donald Trump dá ao caso. Embora não corra o risco de ser condenado à prisão, o julgamento pode resultar na perda do controle de parte de seus imóveis, além de multa de 250 milhões de dólares (1,2 bilhão de reais) e a proibição de administrar empresas em Nova York.

Antes do início do julgamento, o juiz Engoron decidiu que a acusação tinha apresentado “provas conclusivas de que, entre 2014 e 2021, os acusados inflaram os bens” entre “812 milhões (e) 2,2 bilhões de dólares” (4 e 11 bilhões de reais), dependendo do ano.

Em consequência da “fraude reiterada”, ordenou a venda das empresas, uma verdadeira bomba judicial e patrimonial, mas sua decisão foi suspensa após um recurso.

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