O Manchester City fracassou em sua tentativa de bloquear uma investigação das acusações que sofreu de ter violado regras que monitoram as finanças dos clubes de futebol da Uefa. Nesta sexta-feira, a Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) decidiu que o recurso do clube inglês contra o tratamento dado pela entidade era inadmissível.

Os bicampeões do Campeonato Inglês tentaram impedir que o painel financeiro da Uefa lidasse com uma indicação dos investigadores para que fosse imposta uma punição. “Na CAS, só podemos ouvir apelos contra decisões finais”, disse Matthieu Reeb, secretário geral do tribunal. O processo será agora encaminhado aos juízes de finanças da entidade máxima do futebol europeu. Qualquer sanção imposta também ainda pode ser contestada na CAS.

Com a possibilidade de culminar em uma penalidade severa – que o Manchester City fosse excluído da Liga dos Campeões por uma temporada -, a acusação mais recente surgiu após vazamentos de correspondência e documentos internos do clube no jornal alemão “Der Spiegel”, no ano passado.

Os vazamentos implicam que o Manchester City tenha enganado a Uefa por vários anos, inclusive escondendo informações de que as receitas de acordos comerciais potencialmente supervalorizados vieram dos proprietários do clube em Abu Dabi com objetivo de conter as perdas.

Entretanto, o Manchester City nunca contestou a autenticidade dos documentos. “Não houve absolutamente nenhum exame dos méritos”, comentou Reeb, sobre a decisão do painel composto por três juízes. “Não podemos dizer se a decisão da suposta violação das regras do fair play financeiro é real ou não”, acrescentou.

A decisão desta sexta-feira estende um conflito de longa data entre o clube da Inglaterra e a Uefa a partir da era do chamado “Fair Play Financeiro”, que começou em 2009 após consulta aos times. O projeto pretendia protegê-los de gastos excessivos e imprudentes.

As regras da Uefa limitam as injeções de dinheiro de proprietários ricos, o que, segundo críticas, penalizaria clubes emergentes. Os acordos comerciais, como patrocínios de camisas com suspeita de valores inflacionados, também são regulados por uma taxa de mercado considerada justa.

O clube de Manchester já foi punido em 20 milhões de euros (cerca de R$ 92,8 milhões) apenas na primeira rodada de julgamentos do Fair Play Financeiro, realizada em 2014.