São Paulo, 7 – A tarifa recíproca de 10% para produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos, em vigor desde sábado, 5, deve provocar um impacto significativo para a cadeia brasileira de suco de laranja. Os Estados Unidos respondem por cerca de 37% das exportações brasileiras do produto, informou em nota a CitrusBR, entidade que representa a indústria exportadora do setor.
O diretor executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, calculou que, com base no desempenho atual da safra 2024/25 e projetando-se uma exportação anualizada de aproximadamente 235,5 mil toneladas ao mercado americano, o impacto da nova tarifa pode atingir cerca de US$ 100 milhões por ano, ou R$ 585 milhões, considerando o câmbio de R$ 5,85 por dólar.
Esse valor se soma aos tributos já incidentes, como a tarifa de US$ 415 por tonelada de FCOJ (suco de laranja concentrado congelado) equivalente a 66 Brix. “Apenas em 2024, esse tributo representou cerca de US$ 85,9 milhões em pagamentos. Assim, somando-se as tarifas atuais e a nova medida, o total de impostos pode atingir cerca de US$ 200 milhões anuais, ou aproximadamente R$ 1,1 bilhão”, estimou.
Segundo Netto, as empresas brasileiras continuam, de forma individual e com base em suas estratégias comerciais, abastecendo o mercado dos Estados Unidos com suco de laranja de alta qualidade. O setor lamenta, no entanto, que a medida tenha sido adotada sem considerar o histórico de complementaridade entre a produção brasileira e a indústria da Flórida, além da relação de longo prazo com empresas engarrafadoras que atuam nos Estados Unidos.
De acordo com dados da Secex compilados pela CitrusBR, entre julho de 2024 e fevereiro de 2025, o Brasil embarcou 207.205 toneladas de suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ 66 Brix), totalizando US$ 879,8 milhões em faturamento.