A os 18 anos, o engenheiro ambiental Daniel Stockler se submeteu a complexa cirurgia de alongamento ósseo. Diagnosticado na infância com acondroplasia – crescimento ósseo anormal –, chegou à fase adulta com 1,45 m de altura. As intervenções invasivas no fêmur, tíbia e fíbula foram opção para o jovem, que enfrentou um ano e meio de tratamento para atingir 1,58 m. Do procedimento, ele admite momentos de dores lancinantes na fisioterapia. “O médico avisou que não seriam ‘mil maravilhas’. Mas era algo que eu queria muito”, relembra, hoje, aos 29. No alongamento ósseo, é feito um corte no osso, que passa a ser manipulado com fixadores externos e hastes de metal – o paciente é quem dá ¼ de volta a cada seis horas. Lentamente, a área se regenera em até um milímetro por dia. Assim, é possível recuperar ossos desalinhados por doenças congênitas ou traumas causados por acidentes.

Há ainda a finalidade estética, procurada por quem tem baixa estatura. O ortopedista Ricardo Girardi, especialista em reconstrução óssea, destaca que o processo e riscos são os mesmos para todos os casos. “Pode ocorrer consolidação precoce do regenerado, fratura e rigidez articular”, alerta. Aconteceu com Stockler, que sofreu quando seu “joelho travou”. Foram muitas sessões de fisioterapia, que ele batizou de “torturinhas”, tamanha era a dor. Os custos da técnica podem atingir a faixa de R$ 240 mil. Mas há variações de preço.

Claus Dietrich Seyboth, especialista em reconstrução e alongamento ósseo do Policlínica Hospital, no Paraná, lista situações de R$ 35 mil, e reforça que planos de saúde e o SUS cobrem o procedimento sem objetivo estético. “No público ou no privado, temos volume de cirurgias. Acontece que não se encontra o especialista”, diz. Stockler operou pelo convênio. Em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, a consultora de vendas Fátima Derleia, 39, teve a mesma sorte. Em 2020, corrigiu sequelas de uma osteomielite (infecção óssea) na perna direita e obteve aumento de 4,5 cm no fêmur e 3 cm na tíbia. “O primeiro mês foi ruim, mas me adaptei”, relembra. Assim como o engenheiro ambiental, Fátima não se arrepende da operação, pois ganhou o que mais desejava: “vida nova”.