Ciro vem aí

Mesmo se o PDT fizer alianças, Ciro Gomes não vai abrir mão da cabeça de chapa

A cúpula do PDT já bateu o martelo. O ex-ministro Ciro Gomes será candidato à Presidência em 2018, mesmo que o ex-presidente Lula não seja impedido de disputar as eleições. Não se cogita sequer da possibilidade de ele sair vice em aliança com outro partido da oposição. “Isso não se casa com o perfil de Ciro Gomes. Ele será cabeça de chapa, mesmo em composição com outra legenda”, afirma o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. Em 2017, o ex-ministro participou de mais de 250 encontros para falar sobre seu “projeto nacional de desenvolvimento”. Seu alvo prioritário foi o meio universitário. A ideia agora é visitar os 27 estados até março. A candidatura de Ciro será oficializada pelo PDT em 20 de julho, o primeiro dia útil previsto para as convenções partidárias.

O vice

Por enquanto, o PDT conversa com o PSB, em busca de uma aliança. Daí poderá sair o nome para compor a chapa de Ciro. O sonho de Lupi, porém, é ter um grande empresário do setor produtivo como vice. Ele lembra que empresários fizeram história no trabalhismo. E cita, como exemplo, o senador José Ermírio de Moraes, criador do Grupo Votorantim.

Coringa

O coordenador da campanha de Ciro será o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, que deixou o PV para se filiar ao PDT. Neves adiou seu projeto de concorrer ao governo do Rio. Mas o PDT terá candidato para o cargo. Será a deputada estadual Marta Rocha, que foi a primeira mulher a ser nomeada delegada no estado. Em 1984, por Leonel Brizola.

Lua de mel com os empresários

Nos primeiros meses após assumir o cargo, o presidente Michel Temer, nos encontros com empresários em São Paulo, recebia votos de confiança em sua equipe econômica. Neste fim de ano, os cumprimentos têm sido mais incisivos. O tom é de reconhecimento às reformas e aos bons resultados alcançados na economia. Segundo fontes do Planalto, foi o que se viu nas agendas com as direções da Abinee e da Abiquim.

Rápidas

* Por falta de verba, entrou em pane o computador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas que mantém a internet de 150 universidades, entre elas a UFRJ , UFF, Uerj e PUC. Pelo mesmo motivo, algumas reitorias, como a da UFF, estão com a luz cortada há semanas.

* Movimentos sociais ligados ao PT estão se organizando para ir a Porto Alegre em 24 de janeiro, data do julgamento do recurso do ex-presidente Lula pelo TRF da 4ª Região. Falam até na presença do cantor Bono Vox.

* Ao pedir o fim das conduções coercitivas quando não houver prévio descumprimento de notificação, a OAB federal argumentou que essa pratica da PF torna impossível “a adequada orientação técnica do advogado a seu cliente”.

* Preocupação do ex-prefeito César Maia, com relação à baixa renovação na política: “A capacidade dos partidos de atraírem os melhores talentos juvenis está profundamente reduzida. O que representa um sério risco”.

Retrato falado

“A reforma da Previdência é sempre motivo de controvérsia em qualquer país”

Em seminário em Brasília que debateu os desafios de 2018, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, transformou o aparente limão em limonada. Ele afirmou que o adiamento da reforma da Previdência para fevereiro é positivo, porque o governo terá prazo maior para convencer os recalcitrantes da base aliada e também a opinião pública. Segundo o ministro, ao se aposentarem cedo, no ápice da capacidade de trabalho, os brasileiros geram “um custo enorme para a sociedade”

Toma lá dá cá

ARTHUR MAIA (PPS-BA), deputado federal

Como ficam as concessões na reforma da Previdência?

Todas as mudanças feitas até aqui foram no sentido de corrigir distorções e cortar privilégios. Sou contra novas concessões. Acho que o texto aprovado na Comissão Especial, com as alterações que fizemos nos últimos 30 dias — 15 anos de contribuição para aposentadoria por idade e retirada de qualquer menção às regras de aposentadoria rural e do BPC — é o ideal.

Qual é o maior entrave para que o texto nem sequer seja pautado?

Não concordo com a criação de regras para que servidores públicos que entraram antes de 2003 possam se aposentar com direito à integralidade e paridade.

Por que a reforma deixa de fora a aposentadoria dos militares?

Porque não são regidos pelas diretrizes comuns da Previdência, uma vez que não se “aposentam”, entram para a reserva, podendo ser chamados a qualquer momento. As alterações serão feitas posteriormente. Juízes, promotores, políticos, estarão incluídos e submetidos ao teto de R$ 5.531.

Baixa energia

Levantamento da Confederação Nacional da Indústria, com base em números do Sistema Diário Oficial da União, aponta que, até novembro deste ano, as empresas estatais e agências de fomento apresentaram dotação autorizada para investimentos no valor de R$ 91,5 bilhões. Entretanto, só foram executados R$ 37,8 bilhões (41% do total), quantia 13% inferior ao desembolsado em 2016. A maior fatia das dotações de investimento cabe às estatais vinculadas ao Ministério de Minas e Energia, com R$ 81,9 bilhões. Foram executados apenas R$ 35,1 bilhões. Isso representou 93% do total executado pelas estatais, mas somente 43% do valor autorizado para o setor de energia.

Munição

Raposas da cena política preveem que os dirigentes dos partidos da base aliada terão duas poderosas armas para cobrar a fidelidade de seus correligionários: as emendas parlamentares e o fundo eleitoral. Isso deve facilitar o pedido de voto fechado no PSD, presidido pelo ministro Gilberto Kassab, e no PP, presidido pelo senador Ciro Nogueira.

Corpo mole

A propósito do PSD, gente graduada do Palácio do Planalto considera estranha a postura do líder do partido na Câmara, deputado Marcos Montes (MG). Dizem que elogia o presidente Michel Temer, aplaude o governo e defende as reformas. Mas faz corpo mole quando o assunto é a reforma da Previdência. Kassab está ciente, mas finge que não vê.

Valéria Monteiro namora o PMN

O PMN prepara grande festa para anunciar a filiação da jornalista Valéria Monteiro, que trabalhou no Fantástico e no Jornal Nacional. O presidente da sigla, Carlos Massarollo, diz que ela deve se filiar em 12 de janeiro. Os dois conversam há quatro meses sobre a candidatura de Valéria à Presidência.

Fotos: Ana Paula Paiva/Valor; Mateus Bonomi/AGIF; Antonio Cruz/Agência Brasil; ED FERREIRA/MI; EVELSON DE FREITAS/ESTADÃO; André Lobo/UOL/Folhapress)