Ozires Pontes, prefeito de Massapê e presidente do PSDB no Ceará, garantiu à IstoÉ que Ciro Gomes retornará ao partido em dezembro para ser candidato a governador do estado em 2026.
O ex-ministro está de saída do PDT e também é cortejado pelo União Brasil, onde teria a possibilidade de ser candidato a vice-presidente na chapa de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo. Por outro lado, foi prefeito de Fortaleza, governador do Ceará e ministro da Fazenda, na década de 1990, como tucano.
“Não estou desvalorizando o União Brasil, até porque nós hoje somos um partido pequeno e eles são o maior do Brasil [considerando a federação com o PP], mas Ciro vem para cá e vou passar a presidência [do diretório] para ele. Todo o resto é especulação”, disse Ozires, que mencionou a relação com o ex-governador Tasso Jereissati (PSDB), seu padrinho político, como fator preponderante para a decisão.
+Para entender: Como Ciro Gomes se move em direção a 2026
Ciro ao lado do bolsonarismo?
O dirigente considera que o ex-presidenciável é capaz de atrair o voto da direita contra o governador Elmano de Freitas (PT) e quebrar um ciclo de 12 anos de petismo no Ceará, mas precisará “parar de bater no [ex-presidente Jair] Bolsonaro” para isso.
“Todo mundo sabe que Ciro não é de extrema-direita, mas eu converso com prefeitos bolsonaristas. Eles entendem que a direita está sem candidato [competitivo], confiam na capacidade de gestão do Ciro, independentemente do discurso, e querem apoiá-lo”, afirmou Ozires.

André Fernandes: deputado bolsonarista está no centro de articulações para 2026
Como relatou a IstoÉ, a oposição cearense começou a se aglutinar na eleição pela prefeitura de Fortaleza, em 2024, quando André Fernandes (PL) recebeu apoios além do bolsonarismo no segundo turno, mas foi derrotado por Evandro Leitão (PT) por uma diferença de 10.838 votos.
Desde então, antigos desafetos como o senador Eduardo Girão (Novo), o ex-prefeito Roberto Cláudio (prestes a se filiar ao União Brasil), o ex-deputado Capitão Wagner (União Brasil) e o próprio ex-ministro mantém conversas.
“O centro apoiou a direita em Fortaleza, e o que esperamos é o mesmo agora, porque eles são jovens, não têm idade para uma candidatura a governador [André terá 28 anos na eleição, dois a menos do que o mínimo exigido para o cargo]. Não há chapa definida, mas a tendência é de que as duas vagas ao Senado fiquem com a direita e a extrema-direita, com Ciro lançado ao governo“, declarou o tucano.
Para o dirigente, o obstáculo à composição é o próprio ex-presidenciável, caso mantenha críticas a Bolsonaro. “A relação [com a direita local] foi apaziguada, mas é hora de colocar as convergências em primeiro lugar. Ele tem de deixar Brasília em Brasília, e focar no Ceará“.
Em seus movimentos mais claros à direita, Ciro “declarou voto” no deputado estadual Alcides Fernandes (PL), pai de André, para o Senado — vale lembrar que uma das cadeiras em disputa é de seu irmão e desafeto, Cid Gomes (PSB) — e se reuniu com governadores do campo após o anúncio da federação União Progressista.
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Sem plano presidencial
Segundo o dirigente, o projeto para o retorno do ex-tucano não leva o Palácio do Planalto em conta. “Neste país polarizado, Ciro não tem chance em uma candidatura presidencial, infelizmente“.
Ozires relatou que, em conversas recentes, o ex-presidenciável passou a manifestar a intenção de concorrer a governador. “Até pouco tempo atrás, havia um nítido desejo de viabilizar a candidatura do Roberto Cláudio, mas agora tenho certeza que, pelos números, ele percebeu que é o nome para liderar esse projeto”, concluiu.