Sem a presidência da Câmara dos Deputados, mas com poder de articulação entre seus pares, o deputado federal Arthur Lira (Progressistas-AL) pode se ver enfraquecido pelo próprio partido no projeto de reforma do Imposto de Renda, que relata no Salão Verde. Nos bastidores, o presidente de sua legenda, o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI), articula a derrubada de todas as compensações do projeto para atingir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com interlocutores, Ciro tem articulado junto a Antônio Rueda, presidente do União Brasil, estratégias para desidratar o projeto de reforma do IR para impactar a principal aposta de Lula para as eleições de 2026. As conversas intensificaram após os dois partidos anunciarem uma federação na última semana.
Ciro Nogueira sentou com Arthur Lira e apenas comunicou o aliado sobre a articulação. Um interlocutor de Lira afirmou que o ex-presidente da Câmara não digeriu a notícia muito bem.
A articulação visa enfraquecer a imagem de Lula para minar as chances do petista no pleito do ano que vem. De acordo com a pesquisa Quaest, o atual chefe do Planalto ganharia no segundo turno contra todos os concorrentes da direita.
Uma das medidas em que Ciro, Rueda e a oposição trabalham contra é a taxação sobre grandes fortunas. O grupo ainda é contra a cobrança extra para quem ganha acima de R$ 50 mil, além da tributação de 10% sobre dividendos pagos no exterior.
Um deputado da oposição apontou que há conversas até para reduzir a margem de descontos previstos no projeto. No texto de Lira, a margem de desconto progressivo é entre R$ 5 mil e R$ 7,3 mil.
O avanço das conversas para desidratar o projeto coloca mais um pé da federação entre os dois partido de fora do governo Lula. Antônio Rueda prevê bater o martelo sobre o tema em setembro. Atualmente a federação contra com três ministérios: Turismo (Celso Sabino), Comunicações (Frederico Siqueira) e Desenvolvimento Regional (Waldez Góes).
Mesmo com as tentativas da cúpula petista de manter a aliança com os dois partidos, Ciro e Rueda já colocam o caminho da federação para uma candidatura de centro-direita. O senador do Piauí é cotado, inclusive, para assumir a vice na chapa bolsonarista.