Ciro Nogueira defende saída de federação do governo Lula: ‘Não faz sentido’

Presidente do PP afirma que colocará tema em pauta após oficialização da federação com o União Brasil e considera direita com chances reais de vitória em 2026

Senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI) em entrevista à ISTOÉ
Senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI) em entrevista à ISTOÉ Foto: Katê Takai/ISTOÉ

O senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI) defendeu a saída do partido da base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e prometeu sugerir o desembarque após a oficialização da federação com o União Brasil. Para ele, não há sentido a manutenção das legendas ao lado do Palácio do Planalto.

Um dos líderes da oposição no Congresso Nacional, Nogueira justificou que a minoria dos parlamentares das duas bancadas estão ao lado de Lula no Legislativo. Para o senador, a federação deve aderir ao bloco da oposição, mas garantiu a aprovação de pautas de interesse nacional.

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“Minha posição pessoal, e acho que há aceitação do Rueda, é levar às bancadas a decisão de sair do governo. Não faz sentido, se você não vai estar com o partido no próximo ano, ficar num governo com o qual não temos identidade. Mas isso não é decisão só minha ou do Rueda, precisamos aprovar no diretório”, disse.

“Acho que a federação tem que fazer oposição ao governo e não ao Brasil. Nunca deixei de me sentar com o ministro Haddad para discutir pautas importantes para o país. Não seremos como o PT do passado, que era oposição por ser oposição a tudo. Queremos discutir o país, acho que ainda temos, infelizmente, mais um ano e meio de governo do PT, e não temos perfil para tirar o presidente Lula do poder, como fizemos com a Dilma. Lula tem um piso eleitoral que inviabiliza qualquer troca. Então, temos a responsabilidade de fazer o país seguir em frente, melhorar a vida das pessoas, mas fazendo oposição ao governo, não ao Brasil”, ressaltou.

Ciro Nogueira é presidente nacional do Progressistas, partido que comanda o Ministério dos Esportes, que tem André Fufuca como ministro. O partido aderiu ao bloco governista no fim de 2023, após uma articulação do então presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (Progressistas-AL), um dos maiores aliados do senador.

Nogueira, no entanto, seguiu do lado contrário e se manteve como um dos líderes da oposição, um contraponto ao seu histórico de participar da ala do Centrão. Atualmente, o parlamentar é um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem foi ministro da Casa Civil no fim do mandato.

Já o União Brasil, partido com quem o Progressistas anunciou a federação no mês passado, conta com Celso Sabino no Ministério do Turismo. Outras duas pastas (Desenvolvimento Regional e Comunicações) têm indicação direta de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente do Senado.

O presidente do Progressistas reforçou que a federação já fechou questão para não apoiar Lula em 2026 e que a tendência é que acompanhe a indicação de Bolsonaro. No atual cenário, ao menos cinco candidatos disputam o espólio do ex-presidente, inelegível até 2030 e alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de participar do roteiro do golpe de Estado.

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Ex-ministro de Bolsonaro, Ciro Nogueira defende nomes como Tarcísio de Freitas e Michelle Bolsonaro para disputa do Planalto no próximo ano

Ciro evitou cravar nomes, mas disse que o espólio do bolsonarismo tem capacidade de alavancar qualquer candidato. Para o senador, a derrota da direita nas eleições de 2026 só deve acontecer caso aconteça alguma tragédia durante a campanha.

“Nós já tomamos a decisão de não apoiar o PT em 2026. Isso é impossível. Se não vamos apoiar o PT, teremos que ir para uma candidatura de centro ou centro-direita, que é o que defendemos”, afirmou.

“Eu acho que nós temos hoje a chance de ganhar a eleição do centro e da direita, é uma chance completamente viabilizada. Eu acho muito difícil, nós precisaríamos errar muito nessa eleição para perder a próxima eleição. Porque nós temos o melhor momento do centro e da direita no nosso país e o Partido dos Trabalhadores e o presidente Lula estão no seu pior momento”, concluiu.

O parlamentar evitou cravar nomes, mas vê potencial em Michelle Bolsonaro e no governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos). Ele também não descartou outros nomes, como os filhos de Jair Bolsonaro e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que já lançou sua pré-candidatura ao Planalto.

“Qualquer candidato que ele apoie vai de 1% para 30% nas pesquisas. Se isso não ocorrer, a escolha será dele. Temos nomes fortes: Tarcísio, Michele, Eduardo, Flávio, Ratinho, Caiado, Zema e Tereza. Quem tiver maior identificação com nosso projeto terá meu apoio”, reforçou.

“Michele não tem experiência, mas tem capital político. Tarcísio é um gestor competente. O decisivo será o apoio do Bolsonaro”.

Leia a entrevista completa com Ciro Nogueira

ISTOÉ: A CPMI, a grande maioria dela, quem assina é a oposição, pouquíssimas pessoas da base, inclusive quem protocolou foi a senadora Damares Alves, que é uma bolsonarista de carteirinha. O senhor avalia que essa CPMI deve focar apenas nos desvios da gestão atual ou deve considerar anteriores desde 2016? E qual é o impacto que o senhor acredita que essa investigação pode ter no futuro do INSS e também em relação à aposentadoria dos beneficiários?

Ciro Nogueira: Olha, eu já estou fazendo agora 30 anos de mandato em Brasília, já tivemos diversos períodos de escândalos, desvios, corrupção, mas na minha vida, te garanto, eu nunca vi um escândalo dessa proporção e atingindo pessoas vulneráveis como se aconteceu. As pessoas perderam completamente o limite. Uma pessoa ser capaz de entrar na aposentadoria de um velhinho, de uma pessoa idosa, de um incapaz, que ganha um salário mínimo e tirar ali 40, 50 reais, sem essa pessoa saber, utilizando a boa fé, utilizando a inocência das pessoas, eu não consigo imaginar um crime mais hediondo que esse. Não consigo.

Então, se você me pergunta quem deve ser investigado, é tudo e todos, Independente se é o governo Bolsonaro, se é o governo Temer, se é o governo Lula, e que eles sejam punidos e execrados publicamente, seja quem for, doa quem doer. Eu não tenho dúvida que se essa CPMI for esclarecida, o mais rapidamente possível, essas pessoas – eu acho que inclusive tem pessoas com mandato, vão ter que pagar exemplarmente por esse crime que cometeram contra o povo brasileiro, contra os aposentados, no seu momento mais difícil, no momento mais precisam.

Então, respondendo a sua pergunta, pode ter certeza que se tiver alguém do governo Bolsonaro, vai ter que pagar, do governo Temer, vai ter que pagar. Agora você vai ver, pelo que eu conheço da vida, pelos números, a quase totalidade disso aí, espero não estar errado, são pessoas desse atual governo, que foram complacentes, compactuaram, foram alertadas diversas vezes sobre isso, em matérias jornalísticas, pelos órgãos de controle, pelo TCU, e não tomaram nenhuma providência para evitar esse escândalo, como que ocorreu agora, nesse assalto ao bolso dos aposentados brasileiros.

O governo tenta negociar os postos-chave na comissão, como a presidência e a relatoria. Um dos nomes citados é o da deputada Tabata Amaral (PSB-SP), para relatar a CPMI. Como a oposição pretende impedir esse avanço do governo visto que a articulação pelo colegiado partiu da própria oposição? 

Primeiro, depois você me cobra se eu estiver errado. Eles não vão deixar ler no dia 27, essa sessão aí vai acabar sendo adiada. Espero que estar errado, mas eu erro pouco nas minhas previsões, porque o governo está apavorado com essa CPMI, porque a maior dificuldade do governo vai ser encontrar pessoas que queiram participar para defender o indefensável.

Eu até duvido muito que essa jovem deputada, que eu tenho uma admiração por ela, tenha coragem de ir para proteger quem roubou aposentado, porque ela tem eleição no próximo ano e o voto dela é muito de opinião. Eu duvido que ela se preste a um papel desse, de proteger bandidos que assaltaram aposentados no país. Mas vamos aguardar.

Meu partido tem algumas pessoas que apoiam o governo, infelizmente. Se eu mandar o governo, hoje, escolher dentro do meu partido pessoas para indicar para essa CPI, para defender isso, eu tenho certeza que ele não vai achar uma pessoa. Isso eles não vão achar gente no MDB, no PSD, no Republicanos, no PL nem se fala.

Não vão achar. Porque você, a CPMI de 8 de janeiro, tinha pessoas contra e favor, tinha gente ali que ia para o embate ideológico e tal. Essa CPMI, a pessoa proteger quem roubou aposentado, eu quero ver quem vai ter coragem, a não ser que ele não vá disputar a eleição no próximo ano.

Eu queria que o senhor fizesse uma análise sobre essa medição de forças nos partidos do Centrão. Como dissemos, o Progressistas, assim como PSD, MDB, Republicanos e União Brasil tem deputados e senadores que fazem parte da base de Lula, mas outros que atuam na oposição. Como fica esse equilíbrio? Porque o governo tem conseguido aprovar os projetos importantes para o Planalto.

O governo hoje está completamente esfacelado da sua base política, não tem base política mais, exceto as pessoas do PT, do PSB, do PCdoB, é muito difícil hoje a construção de uma base política, até no MDB, que é o partido mais governista desses partido de centro. É muito difícil hoje, porque quanto mais próximo a eleição está chegando, mais essas pessoas vão ser cobradas. E, hoje, a forma de fazer política, depois que chegou o presidente Bolsonaro, das redes sociais, a prestação de contas permanente, isso criou uma cobrança muito na atuação. Antigamente, há 15, 20 anos atrás, quando eu cheguei no Congresso, há 30 anos atrás, ninguém nem se lembrava quem era o deputado que tinha votado. Hoje, no segundo seguinte que eu faço uma votação, eu tenho críticas ou aplausos na minha rede social, no meu WhatsApp.

Nós elegemos um Congresso que dois terços não tinham a menor afinidade com o governo. Esse é um problema da nossa Constituição, porque nós elegemos o Congresso no primeiro turno e, no segundo turno, o Executivo. Então, nós elegemos um Congresso conservador e, depois, elegemos um presidente de esquerda. Isso cria uma diferença muito grande ideológica. 

Mesmo aqueles deputados que precisam do governo para levar emendas, liberar verbas e, agora, com o Congresso empoderado, o governo não tem capacidade de criar identidade com o Congresso Nacional. Mande o governo criar um aumento de imposto, alguma matéria impopular aí, para você ver a quantidade de deputados que eles vão ter apoiando essas medidas.

Tanto o Progressistas como o União Brasil possuem ministérios no governo Lula. O partido do senhor conta com o Ministério do Esporte, com o André Fufuca, enquanto o União Brasil tem o Celso Sabino no Turismo e outras duas indicações diretas de Davi Alcolumbre para os ministérios do Desenvolvimento Regional e Comunicações. Como fica a relação de ambos os partidos com o governo com a formação da federação?

Olha, não existe convivência. Da cúpula dos dois partidos, não existe. Tanto o [Antônio] Rueda quanto eu, a gente pensa muito, tem muita sinergia. Isso foi uma das coisas que facilitou a federação. O ACM Neto, que influenciou, o Arthur [Lira], que também ajudou nessa construção.

Eu acho que nós temos uma decisão já tomada que não vamos apoiar o PT em 2026. Isso é impossível de acontecer. Se nós não vamos apoiar o PT, nós vamos ter que ir para a candidatura de centro, centro-direita, que é o que nós estamos defendendo aqui no país. Ou até podemos compor a chapa, ter a candidatura do [Ronaldo] Caiado, da Tereza [Cristina], que podem tentar viabilizar, que eu desejo que eles possam receber o apoio do presidente Bolsonaro, eu acho que isso tornaria os candidatos competitivos.

Então, é uma decisão que nós vamos ter que tomar. Nós temos algumas etapas para ser concluídas na federação. A federação está anunciada, mas ela ainda não está sacramentada, porque nós estamos agora discutindo o estatuto para depois aprovar nas convenções. Logo após as convenções que nós iremos fazer, que eu espero que em dois, três meses a gente possa estar com isso sendo sacramentado, eu vou defender, isso é uma posição pessoal minha, e acho que existe muita aceitação do Rueda quanto a isso, de nós levarmos para as bancadas a decisão de sairmos do governo. Essa é a minha vontade, eu espero, lógico que isso aí não é decisão pessoal minha, nem do Rueda, nós temos que aprovar no diretório, porque eu acho que não tem sentido, se você não vai estar com o partido no próximo ano, não temos identidade nenhuma com esse governo, não temos nenhuma bandeira que se assemelhe às bandeiras da esquerda, para que nós vamos estar? 

E eu espero que esse ato não vá prejudicar o governo em pautas que sejam importantes para o Brasil. Eu acho que a Federação tem que fazer oposição ao governo, não ao Brasil. Eu nunca deixei de me sentar com o ministro Haddad quando tinha alguma pauta importante para o país, eu acho que nós temos que apoiar, não vamos ser o PT do passado, que era oposição por ser oposição a tudo. Não, nós queremos discutir o país, acho que ainda temos, infelizmente, mais um ano e tanto de governo do PT, do presidente Lula, que nós não temos o perfil dele de tirar ele do poder como tiramos a Dilma naquela época. O presidente Lula é uma pessoa que tem um piso eleitoral, que isso inviabiliza qualquer troca, então nós temos que ter a responsabilidade de fazer com que o país continue, que as pessoas possam melhorar de vida, que possam ser cuidadas, que possam se capacitar. 

Então tem uma série de situações que nós não podemos esperar em 2027, que nós esperamos discutir com o governo, que a gente puder ajudar, vamos ajudar, mas fazendo oposição ao governo, não ao Brasil.

Nós temos visto vários partidos formando federações ou se fundido nos últimos anos. O próprio União Brasil é uma fusão entre o Democratas e o PSL, mas nós vemos as federações PSDB/Cidadania, PT/PV/PCdoB, PSOL/Rede, outras se formando ou sendo discutidas nos bastidores. Mas, na maioria dos casos, são partidos menores que tentam sugar os maiores para não serem impactados pela cláusula de barreira. No caso de vocês é o contrário. São dois grandes partidos se unindo em uma federação e formando uma das maiores forças do Congresso Nacional. O senhor acredita que os partidos individualmente vão enfraquecer com o passar dos anos? Há essa preocupação? 

Eu acho que esses partidos que você citou não têm problema de cláusula de barreira, têm problema de sobrevivência com bancadas expressivas, que nós temos partidos grandes como o PL, que é o maior partido, depois vem o PT, e depois temos uma série de partidos, como União Brasil, Progressista, MDB, PSD, o Republicanos, que têm mais ou menos, a diferença é muito pouca, de 15, 20 deputados no máximo, que eu acho que eles se assemelham. E se assemelham muito até também nas convicções, no perfil dos deputados. Tem algumas coisas que eu acho intransponíveis. É a situação de São Paulo, por que o Progressista deu certo com a União Brasil? Porque os dois presidentes não são de São Paulo. Então, imagina, se a conversa do Marcos Pereira com o Baleia [Rossi], quem vai ficar com o comando em São Paulo? Do [Gilberto] Kassab com o Baleia ou com o Republicanos, quem fica com São Paulo?

Então isso é um entrave, que é lógico que eles podem superar, abrindo mão, criando alguma forma de conviver, mas não são situações fáceis de serem resolvidas, como essa. E eu vejo muita dificuldade, mas é uma coisa que não me cabe. Estou fazendo análise, e dando referência, porque que deu certo no Progressista e União Brasil, e que por isso dificulta em alguns outros partidos.

O senhor vai dividir a presidência da federação com o Antônio Rueda, presidente do União Brasil, e, como em qualquer outro partido, há disputas internas por protagonismo. Isso aconteceu, por exemplo, como PSDB e Cidadania, que entraram em crise durante as formações de chapa nas eleições de 2024. Como o senhor pretende driblar essa disputa de protagonismo não só no comando, como também nos diretórios, para evitar o enfraquecimento da federação? 

O PSDB passou por um processo de enfraquecimento, que era o grande partido dos dois. O Cidadania, troca de nome, houve aquela mudança, foi a saída do Roberto Freire, tem bons deputados lá no Cidadania. Então, foi um outro tipo de enfraquecimento, por conta de uma situação política em que o PSDB já chegou a ser, teve um tamanho aqui, ser o maior partido do país, principalmente na época de Fernando Henrique, naquele ciclo.

Eu acho que a minha identidade com o Rueda, meu convívio, minha relação, e principalmente o bom senso, vai prevalecer em todas as decisões do partido. Não tem como você ter uma federação que o Progressista tem que levar vantagem, ou o União tem que levar vantagem em determinadas situações. Nós temos muitas coisas, e criando critérios para se tomar as decisões, eu não tenho dúvida. Tem nove estados que têm o comando do Progressistas, nove estados que têm o comando do União Brasil, e nove estados vão ser discutidos, até hoje, não existe nada que nos distancie nas decisões que eu tenho tomado com o Rueda, do que nós acordamos já, para soluções para o futuro, porque o bom senso, o diálogo, e o respeito que eu tenho por ele, vão prevalecer para que a gente tome as decisões do melhor para os nossos partidos.

Ciro Nogueira defende saída de federação do governo Lula: ‘Não faz sentido’

Ciro Nogueira está entre os cotados para a vice na chapa bolsonarista em 2026 e avalia que “apenas uma tragédia” pode derrotar a direita nas eleições

O presidente Lula é o candidato à reeleição em 2026, mas o senhor já descartou qualquer apoio a ele. Do outro lado, a direita tem o impasse sobre quem irá herdar os votos do ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente inelegível. Considerando a conjuntura atual, quem deve assumir esse protagonismo político sobre os eleitores do ex-presidente? 

O potencial de transferência de voto do presidente Bolsonaro é uma coisa impressionante, que eu nunca vi na minha vida. Nem o Lula foi capaz, na época em que apoiou o Haddad, de ter a capacidade. Porque qualquer candidato que o presidente Bolsonaro apoie, qualquer um, sai de 1% para 30%, mais de 30%. É uma coisa impressionante a sua capacidade, já colocando qualquer candidato no segundo túnel. 

Lógico que tem uns candidatos hoje que têm maior facilidade. Hoje nós temos, nas pesquisas que eu tenho acesso, já tem o presidente Bolsonaro, já muito fora da margem de erro com o Lula, o Tarcísio ganhando do Lula e a dona Michelle [Bolsonaro] ganhando do Lula.

Tem mais os dois filhos, tanto o Eduardo quanto o Flávio, que já estão na margem de erro com o Lula. Um candidato como o Ratinho ganharia fácil do Lula. O Caiado se torna altamente competitivo com o apoio do Bolsonaro, a Tereza… 

Eu acho que nós temos hoje a chance de ganhar a eleição do centro e da direita, é uma chance completamente viabilizada. Eu acho muito difícil, nós precisaríamos errar muito nessa eleição para perder a próxima eleição. Porque nós temos o melhor momento do centro e da direita no nosso país e o Partido dos Trabalhadores e o presidente Lula estão no seu pior momento. 

Eu vi algumas pesquisas que são impressionantes. Muita gente pensa que o Lula está perdendo a capacidade, a impopularidade, só por conta de inflação, só porque não entregou a picanha, e não é isso. Eu vejo isso muito claramente nas pesquisas. O Lula hoje tem uma imagem de ultrapassado, antiquado e uma pessoa mandada. Isso tem acabado a imagem. E é uma pessoa que não está dando mais esperança, uma coisa impressionante nas pesquisas. 66% das pessoas não querem mais que ele dispute a eleição.

Isso quer dizer o quê? Que até o eleitor do Lula não quer mais que ele dispute, porque não vê mais nele a pessoa ideal para trazer esperança, para que ele possa melhorar de vida. E isso é um dado impressionante nas pesquisas.

E ele não deixou substituto, porque o Lula, ao contrário do presidente Bolsonaro, que criou o Tarcísio, criou a Tereza, e diversas outras pessoas que se elegeram pelo país afora, o Lula, quem é o que ele criou o sucessor? A pessoa que ele estava preparando para sucedê-lo, o Lula, que ele acabou que é o Haddad, porque é um dos ministros mais desacreditados da história política do nosso país.

Então, quem é que ele vai colocar? O Rui Costa, que é um desastre lá na Casa Civil, o Camilo, que não deslanchou lá na Educação. Então, não tem sucessor. Tinha um jovem que está despontando, o prefeito de Recife, mas não tem idade, e nem o PT tem capacidade de apoiar outro partido. Então, tem essa dificuldade que torna o processo eleitoral muito favorável para o centro e a direita em 2026.

O senhor citou que o presidente é uma “pessoa mandada”. Nós temos visto diversas pessoas influenciando as decisões do presidente, como o ministro Rui Costa, a ministra Gleisi Hoffmann e a primeira-dama Janja da Silva. Essas interferências enfraquecem o governo? Há uma falta de independência de Lula no comando no Planalto? 

Eu tenho desde que todo o dia o meu perfil de oposição a este governo, eu tenho me preservado e tenho tido muito cuidado nessas coisas de criticar algumas situações, principalmente no que respeita à questão da primeira-dama. Respeito a mulher, seja mulher ou marido de alguma pessoa, eu sempre tenho muito cuidado, mas tenho que dizer que já passou de todos os limites. Passou de todos os limites.

Algumas situações constrangeram o país, constrangeram a nossa diplomacia, constrange o próprio presidente, que nessa última vez foi desautorizado e desmentido publicamente pela primeira-dama. Então, eu acho, espero, eu que tenho um carinho pelo presidente Lula, um respeito por ele, que ele reveja essa posição. Não tem mais cabimento.

O Brasil elegeu o Lula, não foi a Janja. Então, por mais que você tenha que respeitar o papel da mulher, o papel do homem que está a seu lado, essas pessoas têm que ter um limite e essa imagem da pessoa mandada, que não tem autonomia, tem prejudicado muito a autoridade de um presidente da República. E isso tem que ser revisto e eu espero que isso ocorra o mais rapidamente possível.

Quero retomar o debate sobre as eleições de São Paulo. O senhor citou o Tarcísio de Freitas e também a Michelle Bolsonaro. Qual dos dois tem maior potencial? Porque o Tarcísio é o maior investimento do Bolsonaro e a Michelle, por sua vez, não tem experiência política. 

Olha, eu tenho dito que o melhor candidato para nós disputarmos a eleição se chama Jair Messias Bolsonaro. Esse aí, eu vou lutar até o fim, que ele seja candidato e seja corrigido essa injustiça. É um homem público, que está liderando as pesquisas, que tem a vontade do povo escolhê-lo. Deixar de ser candidato porque fez uma reunião com embaixadores, isso aí é uma coisa que as pessoas ainda não caiu a ficha, isso não foi discutido aí com as pessoas, que as pessoas não acreditam que isso possa ocorrer. Eu sei que existe todo um processo jurídico para impedir a sua candidatura, mas vamos até o fim, tentar reverter até, eu acho que, a última pesquisa que eu soube, o Bolsonaro já está 12% à frente do Lula. Eu acho que com esse escândalo do INSS vai piorar ainda mais a situação do Lula. Se ficar muito claro que o povo quer a volta de Bolsonaro, é muito difícil impedir que isso ocorra.

Se isso não ocorrer, se isso infelizmente não ocorrer, eu acho que quem vai fazer a escolha é ele. Lógico que é aconselhado por mim, por outras pessoas que possam ajudá-lo a fazer essas escolhas, e eu acho que o leque não se restringe só a Tarcísio e Michele. Tem os dois filhos, que são dois grandes nomes, e a gente vê isso nas pesquisas, tem o governador Ratinho, tem o governador Caiado, tem o Zema, que é outro grande governador, tem a ministra Tereza, eu acho que a pessoa que for capaz de ter a identificação maior com o projeto político do que nós queremos fazer pelo país, terá o meu apoio total, mas o apoio decisivo vai ser do presidente Bolsonaro.

Ciro Nogueira defende saída de federação do governo Lula: ‘Não faz sentido’

O União Brasil tem o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, como nome para a presidência da República em 2026. Ele, inclusive, se posicionou contra à federação com o seu partido. O Caiado tem potência para emplacar uma candidatura à presidência da República? O Progressistas poderia indicar o vice? 

Olha, o governador Caiado, pela notícia que eu tenho, é o melhor governador da história de Goiás. Se colocar, ele está entre os três ou quatro melhores governadores do Brasil. Os números que ele tem apresentado do estado de Goiás são impressionantes.

Ele tem uma pauta que, para mim, é a pauta mais importante, e talvez seria a pauta mais importante dessa eleição é a questão da segurança, se não fosse essa disputa, se não fosse Bolsonaro e Lula. Então, eu acho que ele tem toda a condição de ter um crescimento político, nós demos total autonomia para que ele toque a sua candidatura, coloque o seu nome, é legítimo que um homem da história de Caiado possa ser candidato, mas depende de viabilidade. 

Eu acho, é uma opinião pessoal, se não tiver o apoio do presidente Bolsonaro, é difícil qualquer nome, como também qualquer nome da esquerda. Se não tivesse o apoio do Lula, seria difícil chegar a um segundo turno.

Mas identificação, total. Eu não vejo um tema que o Caiado não tenha identificação com o Bolsonaro. Chegou até agora a dizer que se for presidente da República, caso se cometa a injustiça de condenar o presidente até fazer o seu indulto. Então, é um nome que está colocado. Eu acho legítimo e seria um grande nome. Eu teria muito orgulho de votar no Caiado se ele fosse candidato com o apoio do presidente Bolsonaro.

O senhor foi o nome forte no Planalto e está no rol de testemunhas do ex-presidente Jair Bolsonaro no inquérito que investiga o roteiro de golpe de Estado. O que realmente aconteceu naquela época? Porque a PGR mostra com detalhes a reunião com militares e aponta a participação do ex-presidente. O senhor chegou a conversar com o Bolsonaro na época? Se sim, o que conversaram? 

Olha, eu estou muito feliz de ter sido convidado pelo presidente Bolsonaro para dar esse depoimento. Eu espero que esse depoimento seja o mais importante e mais esclarecedor da inocência do presidente Bolsonaro, porque é impossível um homem que tem 30 anos de mandato, com a minha experiência, com a minha dedicação, que chegava no Palácio do Planalto antes das 8 horas e só saia do Palácio do Planalto depois das 22 horas, todos os dias, que recebia o presidente todos os dias quando ele chegava no gabinete para me reunir diariamente com ele, acompanhava todas as grandes decisões, não ter visto nada disso, não ter tido um momento, algumas dessas situações e nem ter sido citado em alguma situação dessas.

Como é que o ministro da Casa Civil não foi citado em nada e teve uma tentativa de golpe. Isso é impossível de ter acontecido. E eu presenciei algumas situações que foram muito importantes. E o ponto mais difícil dessa discussão toda foi quando estava tendo a greve dos caminhoneiros, que ali que eu me preocupei porque ia ter um caos, as pessoas iam ficar sem combustível, sem alimentos, os hospitais iam parar com falta de oxigênio, os aeroportos estavam parando. Se o Bolsonaro tivesse vontade de fazer golpe, de tentar, aquele era o momento perfeito, naquele dia, que ele podia ter dito, olha, não vou fazer, e ele prontamente atendeu ao meu apelo para ele ir à rua e me deixar começar a transição no país, a transição do país. 

Ele no momento que ele se sentiu muito injustiçado e foi injustiçado nessa eleição, com algumas decisões do TSE que nos prejudicaram muito na eleição e aquilo foi muito importante para o resultado eleitoral, ele se sentiu com esse conflito enorme que tinha, com esse sentimento de injustiça, era o momento ideal e ele não fez, me autorizou e no dia que ele me autorizou não criou o menor obstáculo para que a gente pudesse fazer a transição. 

Ele nomeou os comandantes militares do Partido dos Trabalhadores, nos autorizou a fazer isso, então a Casa Civil como um todo passou a trabalhar de noite para essa transição. 

Então eu quero prestar esse depoimento para esclarecer esses fatos e trazer a razão e a verdade para que a gente possa inocentar esse grande brasileiro que é o presidente Bolsonaro.

Mas por que o presidente demorou tanto tempo para se pronunciar? 

Demorou, mas é por conta do conflito que teve com Lula. Muita gente pergunta, “ah, o Bolsonaro não entregou a faixa”. Nós vamos receber essa faixa do Lula, duvido se ele for entregar, duvido se o Lula vai entregar uma faixa para uma pessoa do Bolsonaro.

Duvido, eu duvido. Espero até estar errado, mas com esse conflito, com o país dividido como nós temos hoje, isso não vai ocorrer. Imagina o Lula entregando uma faixa para o Eduardo, para o Flávio, para a dona Michele. Eu duvido que ele não vai entregar. Vai pedir para o Geraldo Alckmin fazer essa entrega.