Na abertura de seminário da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) nesta quarta (23/7), Ciro Gomes defendeu a aliança entre capital e trabalho e o reforço da estrutura sindical brasileira.
“Não tenho a ingenuidade de que a aliança entre capital e trabalho seja uma coisa simples de ser resolvida. Isso será feito mediante regulação, proteção do mundo do trabalho, combate intransigente à informalidade e reforço da estrutura sindical brasileira. Inclusive especialmente em seu financiamento”, disse o ex-ministro.

Também participou da abertura o presidente da CSB, Antonio Neto. O evento é parte de uma série de seminários preparatórios ao 3º Congresso da CSB, que acontece de 9 a 11 de setembro.

“Tenho discutido com Antonio Neto para formalizarmos com clareza uma reforma trabalhista que, compreendendo a necessidade de alguma flexibilidade no mundo do trabalho em função das inovações tecnológicas, não transforme essa flexibilidade em precarização do trabalho, que nunca levou nenhum país para frente”, complementou Ciro.

Na sua fala, Ciro fez uma reconstituição histórica do desenvolvimento econômico do país, lembrando o crescimento após a Revolução de 1930 até o processo de desindustrialização que se iniciou na década de 1990, com o modelo neoliberal e rentista que não enfrentou os principais problemas do Brasil.

“Se o Brasil não cresce há uma década, quais são as sequelas? Quarenta milhões de brasileiros vivendo de bico. Nunca antes na história desse país houve um tamanho tão grande de precarização do trabalho. É o tal empreendedorismo neoliberal, que condena o povo a viver sem nenhuma proteção de direitos trabalhistas”, afirmou Ciro.

Há hoje 14,8 milhões de desempregados, recorde da série histórica do IBGE, além de 6 milhões desalentados, aqueles que desistiram de procurar emprego. Segundo o pré-candidato do PDT à Presidência, “30 anos de neoliberalismo produziram esse Brasil trágico”.

“Esse modelo econômico adotado desde 1999 fez com que 1% dos brasileiros possuam 50% do PIB. Cinco pessoas têm o mesmo que 100 milhões mais pobres”, afirmou.

Ciro também criticou duramente o presidente Jair Bolsonaro, mas lembrou que os problemas nacionais não nasceram no atual governo. “Bolsonaro é uma excrecência moral e política, um genocida que tem piorado muito esses números todos. Mas essa crise não foi só ele que construiu. Não é acidente de percurso”, disse.

O pedetista argumentou ainda que não basta proteger e defender os trabalhadores, mas que “é preciso preparar o trabalhador para entender o que está acontecendo com o Brasil e com o mundo”.

“Preparar o trabalhador para compreender os caminhos da luta, que são cada vez mais sofisticados. Só uma classe trabalhadora bem informada será capaz de se proteger do avanço da perversidade do neoliberalismo mofado e corrompido que acontece no Brasil”, disse.

Ciro defendeu ainda as organizações de trabalhadores e denunciou o processo de criminalização das lideranças, que dispararam nos últimos anos no Brasil.

“As lideranças trabalhistas e sindicais têm sido perseguidas. Esse é o sentido imoral dessa ideologia que produziu no Brasil a pior distribuição de renda entre todas as economias organizadas do mundo”, afirmou.