SÃO PAULO, 5 SET (ANSA) – Por Bruna Galvão – O centenário Circolo Italiano de São Paulo, um dos ícones dos 150 anos da imigração italiana na capital paulista, “ressurge” após um período de “desaceleração” ocasionado, em partes, pela pandemia da Covid-19 e agora mira atividades em setores como turismo e moda para exercer um papel de protagonismo na maior metrópole do Brasil. É o que conta à ANSA, em entrevista exclusiva, o presidente da instituição, José de Lorenzo Messina. “Havia uma gestão muito antiga nos seus processos, uma gestão muito italiana dos anos 1960”, diz ele, que deixou a diretoria de cultura da associação para assumir a presidência em abril.   

“O Circolo Italiano é um clube que precisa ser ocupado e estar presente na cidade”, acrescenta. Para isso, o representante aposta em dois fortes símbolos do Made in Italy, a moda e o turismo, com uma série de iniciativas previstas para o segundo semestre.   

A primeira delas é o encontro “Moda Ser e Persistir”, em 17 de outubro. A atividade, em parceria com o Instituto Europeu de Design (IED) de São Paulo, será um “evento de resgate da moda italiana” na capital paulista e contará com palestras e workshops. Isso porque, na visão do presidente do Circolo, a moda contemporânea italiana não é representada por “aquela vendida em shoppings”.   

Outro ação de destaque é o “1° Fórum Ponte Para o Futuro”, que acontecerá na sede do clube, no icônico Edifício Itália, em 23 e 24 de novembro. A proposta visa reunir representatividades italianas de São Paulo e outros municípios paulistas com forte influência da imigração do “Belpaese”, incluindo festas populares, patronatos, associações, escolas, agências de turismo e outros. “Todas essas expressões não se conhecem. Elas sabem que todas existem, mas não há um lugar de acolhimento que crie um elo entre elas”, explica Messina. Os participantes irão elaborar propostas através de mesas temáticas, que, após aprovação do conselho do evento, formarão um documento oficial que será encaminhado pelo Circolo a autoridades brasileiras e italianas.   

Fundada em 1911, instituição também quer focar em atividades que estimulem o chamado “turismo de raízes”, grande aposta do governo italiano para o setor em 2024. “Será um evento sobre turismo de raízes, mas mais ampliado, onde também pretendemos envolver os italianos casados com brasileiras e que moram na Itália, que são cerca de 14 mil casais, para visitar o Brasil”, revela.   

O clube também tem buscado recuperar festas e almoços periódicos para se transformar em um “lugar vivo” no centro de São Paulo, bem como promover cursos presenciais de defesa pessoal e enologia, além de aulas online de italiano.   

“O Circolo tem que demonstrar liderança. A gente não tem isso em São Paulo. Não é possível que a gente receba um presidente da Itália a cada 25 anos”, exclama Messina, referindo-se à visita histórica de Sergio Mattarella ao Brasil em julho, que incluiu um encontro com a comunidade italiana no Circolo. (ANSA).