Um movimento desordenado está ocorrendo entre os políticos e partidos que estiveram próximos ao presidente durante o atual governo. O caos é fruto da demora de Bolsonaro na escolha da sua nova casa partidária. Depois de paquerar com muitas siglas, o ex-capitão foi seduzido pelo PL de Valdemar Costa Neto, o que promete promover uma ciranda partidária com as mais diversas configurações. Também há o fato de o mandatário estar patinando nas pesquisas e parlamentares fiéis ao Planalto repensarem sua estratégia eleitoral a partir do baixo desempenho eleitoral do chefe do executivo.

Mesmo antes da filiação, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, já havia mostrado desconforto em permanecer no novo partido do presidente. Ele se desfiliou em 23 de dezembro. Maior bancada de apoio ao governo na Câmara, com 43 deputados, os Liberais podem perder outros cinco parlamentares. Mas o poder de atração da Presidência deve trazer os escudeiros de Bolsonaro. Além do seu filho Eduardo, bolsonaristas como Carla Zambelli, Bia Kicis e Hélio Negão devem acompanhar o presidente (a maioria dos 20 deputados devem vir do PSL).

AMBIÇÃO Com R$ 1 bilhão em recursos, o União Brasil de Luciano Bivar vai priorizar governadores (Crédito: Pedro Ladeira)

Nos bastidores, no entanto, há o temor de que o PL fique inchado demais. São muitos candidatos para dividir a verba partidária. A disputa seria fratricida. Por isso, alguns parlamentares podem continuar na legenda atual e fazer jogo duplo na campanha. Os postulantes aos governos dos estados são outro problema. A ciumeira de PP e Republicanos é pública. A equação é bem complicada e conta ainda com a saída de 11 ministros que devem concorrer aos governos estaduais e ao Senado. O União Brasil terá ao seu dispor a cifra de R$ 1 bilhão para investir nas eleições. Sem um candidato oficial à Presidência, a promessa é que todo o dinheiro fortalecerá a bancada de parlamentares e que a sigla consiga eleger mais governadores. A saída de bolsonaristas não incomoda a legenda.

O mesmo poder de adesão tem atraído políticos para os partidos de apoio ao ex-presidente Lula. Liderando as pesquisas, o petista emplacou a filiação do deputado Marcelo Freixo e do governador do Maranhão no PSB (eles saíram do PSOL e PCdoB, respectivamente). O PSB vinha negociando com Ciro Gomes, mas abandonou o barco. Em torno de Lula ainda orbita o PSD de Kassab. A legenda não bateu martelo, mas pode vir de lá a filiação do ex-governador Geraldo Alckmin, que abandonou o PSDB e negocia para ser candidato a vice-presidente. No entanto, críticos ao PT prometem sair de PSD e PSB, como é o caso do deputado Felipe Rigoni que vai para o União Brasil.