Caso se concretize o processo de compra da Warner Bros Discovery pela Netflix, a gigante do streaming se tornará um dos maiores conglomerados de mídia do mundo. Com mais de 100 anos de história, a Warner reúne canais de televisão, estúdios de cinema, plataformas de streaming, e algumas das franquias mais bem sucedidas nas telonas atualmente.
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Com um grande número de franquias em seu portfólio, a empresa fatura ainda com vídeo games e licenciamentos, para além de desdobrar personagens famosos em múltiplas séries e filmes. “Todo o portfólio de marcas e direitos autorais que estão hoje concentrados na Warner e no seu serviço de streaming, o HBO, vão para a Netflix, que teria um dos maiores catálogos hoje”, analisa Fabricio Bertini Pasquot Polido, sócio do L.O. Baptista.
Confira a seguir alguns dos títulos e produções mais famosas do estúdio.
DC Comics
Uma das primeiras e mais bem-sucedidas fusões da Warner ocorreu em 1969, com a DC Comics, editora de quadrinhos responsável por equipes de super-heróis como a Liga da Justiça, Esquadrão Suicida e Watchmen, entre outros.
Nos últimos anos, a empresa intensificou os lançamentos de filmes relacionados ao universo da DC, alcançando grande sucesso com títulos como Coringa (2019), Aquaman (2018) e a trilogia de Batman dirigida por Christopher Nolan.
Harry Potter
Foi a Warner Bros quem levou ao cinema a série de livros sobre o Hogwarts, e produziu desdobramentos com a série de filmes “Animais Fantásticos e Onde Habitam”. Atualmente, a empresa trabalha na criação de uma série que seria transmitida pela plataforma HBO.
Looney Tunes e desenhos clássicos
A turma de Pernalonga — com personagens como Patolino, Frajolae Piu Piu, Papa Léguas e Coiote, entre outros — surgiu de uma série de curta-metragens produzida pela Warner Bros entre os anos de 1930 e 1969. A franquia até hoe apresenta frequentes lançamentos de séries para televisão, filmes e vídeo games.
A Warner também detém os desenhos do estúdio Hanna-Barbera, títulos como Scooby Doo, Flintstones e Jetsons. Também é proprietária da franquia Tom e Jerry e de séries animadas com personagens de Lego.
Filmes clássicos
Outra aquisição de peso incluída na Warner Bros são clássicos do cinema de diferentes décadas, como Casablanca (1942), Juventude Transviada (1955), 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), O Exorcista (1973), Amadeus (1984), Um Sonho de Liberdade (1994), A Origem (2010) e Barbie (2023).
Ao todo, a empresa venceu mais de 100 Oscars. Em 2025, ela fez história ao se tornar o primeiro estúdio com sete filmes consecutivos a estrear com bilheterias superiores a US$ 40 milhões nos Estados Unidos.
Séries da HBO
Para além dos sucessos no cinema, a Warner é proprietária dos canais HBO e de todas as suas produções originais, que incluem algumas das séries mais bem sucedidas da história como os clássicos The Sopranos, Sex And The City, Friends, e sucessos mais recentes como Game of Thrones, White Lotus, Euphoria e Succession.
Veja todo o catálogo da Warner no site oficial da empresa.
Nem todos os canais da Warner entram no negócio
A operação de venda não abrange no entanto a totalidade da Warner Bros Discovery. Ficam de fora do acordo a divisão Global Networks, que reúne os canais de televisão CNN, TNT Sports e Discover, além dos serviços de streaming Discovery+ e o Bleacher Report.
Netflix terá um monopólio?
Apesar do abrangente catálogo, especialistas em fusões e aquisições descartam a ideia de que ela se tornaria um monopólio. “O setor permanece fragmentado, com players robustos como Amazon Prime Video, Disney+, Apple TV+ e YouTube mantendo quotas significativas de mercado. Na minha opinião, não há risco iminente de monopólio, pois a concentração seria mitigada pela diversidade de ofertas”, afirma Victor Hugo Brito, sócio do escritório BBL Advogados.
A operação deverá ainda passar por avaliações antitruste tanto de órgãos dos EUA, Federal Trade Commission (FTC), em coordenação com a Antitrust Division do Department of Justice (DOJ), quanto por órgãos de outros países, como o próprio Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Ao mesmo tempo, uma empresa com um catálogo tão extenso pode engolir players menores e oferecer riscos para o setor, até mesmo no Brasil. “O consumidor pode ganhar praticidade ao ter mais conteúdos de peso em uma única plataforma e, potencialmente, economizar com menos assinaturas, do outro lado existe o risco de pagar mais caro no longo prazo, além de sofrer com menor diversidade de oferta, menos espaço para produções independentes e até redução de conteúdos locais”, alerta Juliana Sene Ikeda, sócia do Campos Thomaz Advogados. Ela alerta que a regulamentação dos streamings, no momento ainda em tramitação no Congresso, pode ser uma forma de mitigar esses danos.