Não é nenhuma comemoração, nem data de nascimento ou morte. Luis Buñuel, que nasceu em 22 de fevereiro de 1900, em Calanda, na Espanha, morreu em 29 de julho de 1983, na Cidade do México. Poucos autores imprimiram marca tão forte no cinema. Seu curta de estreia, Un Chien Andalou, de 1929, virou marco do surrealismo numa época em que as vanguardas agitavam a Europa.

A cena inicial é clássica – uma mulher tem seu olho cortado por um homem com uma navalha. De cara, Buñuel e Salvador Dalí – que coassina o roteiro – rompem com o realismo e sugerem que o que se segue tem a ver com o inconsciente. Neste domingo, o Telecine Cult promove a revisão de quatro longas do grande artista. A programação começa às 16h25 com A Morte no Jardim e prossegue com A Via Láctea, às 18h20, Tristana – Uma Paixão Mórbida, às 20h10, e O Fantasma da Liberdade, às 22h.

Como Alfred Hitchcock, Buñuel é um daqueles artistas cujo cinema ganha camadas e torna-se mais profundo se investigado com as ferramentas da psicanálise. A liberdade narrativa, própria do surrealismo, é colocada a serviço da reflexão política. Desde o começo, Buñuel foi sempre crítico em relação à propriedade privada e à crença religiosa. Provocativamente, definia-se como ‘ateu, graças a Deus’. Sua oposição aos princípios do franquismo levou-o a se exilar no México, mas teve sempre abrigo na França, onde desenvolveu parte significativa de sua obra.

O maior de todos os seus filmes neste domingo é Tristana – Uma Paixão Mórbida, que adaptou do romance de Benito Perez Galdós, em sua segunda parceria com Catherine Deneuve, após A Bela da Tarde. Don Lope/Fernando Rey fica obcecado por órfã entregue a seus cuidados. O sentimento paternal vira paixão mórbida que a chegada do jovem Franco Nero perturba. Tristana perde a perna, Don Lope fica cada vez mais possessivo (e louco). No final, o filme torna-se pura metalinguagem, com as imagens que revertem no bater do sino.

O Fantasma da Liberdade toma seu título do Manifesto Comunista de Marx e Engels e oferece série de episódios descontínuos que ilustram a decadência da civilização. Em A Via Láctea, dois homens fazem a peregrinação a Santiago de Compostela, o que permite ao cineasta viajar em crenças religiosas e até na recriação de cenas da vida de Cristo. E ainda tem A Morte no Jardim, com Gérard Philippe, Simone Signoret e o roteiro de Raymond Queneau, que segue fugitivos de uma revolução na América do Sul.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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