O julgamento por difamação contra Roman Polanski começou nesta terça-feira (5) na França, onde em entrevista a uma revista em 2019 o controverso cineasta questionou as acusações de agressão sexual feitas contra ele pela atriz Charlotte Lewis.

O diretor franco-polonês, de 90 anos, não compareceu ao julgamento em um tribunal correcional de Paris, onde estava presente a denunciante, de 56 anos e residente no Reino Unido.

Ao longo de carreira, diversas mulheres acusaram o vencedor do Oscar e da Palma de Ouro do Festival de Cannes de agressão sexual e estupro.

Ele sempre negou as acusações por fatos já prescritos, que nunca o impediram de trabalhar.

A Justiça americana considera Polanski, nascido em Paris em 1933, foragido há mais de 40 anos após ser condenado por manter relações sexuais ilegais com Samantha Gailey, que tinha 13 anos.

Em maio de 2010, em pleno festival de Cannes, Charlotte Lewis afirmou que o diretor de cinema a “agrediu sexualmente” durante um ‘casting’ em sua casa em Paris em 1983, quando ela tinha 16 anos.

A atriz, que participou do filme “Piratas” de Polanski em 1986, não o denunciou, mas prestou depoimento ante a polícia americana.

Na época, Lewis explicou que quis compartilhar sua experiência para minar a defesa do diretor que assegurava, segundo ela, que o caso de Samantha Gailey era algo isolado.

Nove anos depois, em dezembro de 2019, o diretor chamou as acusações de “mentira odiosa”, em uma entrevista à revista francesa Paris Match.

“Como veem, a primeira qualidade de um bom mentiroso é uma memória excelente. Charlotte Lewis sempre é mencionada na lista de meus acusadores sem que nunca apontem [suas] contradições”, afirmou o diretor.

O cineasta referiu-se desta maneira aos comentários atribuídos à atriz em uma entrevista publicada em 1999 pelo tabloide britânico News of the World: “Queria ser sua amante (…) Provavelmente desejava isso mais que ele”, teria afirmado, segundo a publicação.

Mas, em 2010, Charlotte Lewis denunciou que suas declarações “não [eram] corretas”.

A defesa do diretor chamou como testemunha o autor do artigo do News of the World, Stuart White.

O julgamento por difamação também coincide com a polêmica aberta pelas acusações da atriz Judith Godrèche contra os diretores Benoît Jacquot e Jacques Doillon por estupro quando era menor.

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