Confira abaixo cinco pontos sobre o australiano Julian Assange, fundador da plataforma WikiLeaks, cuja extradição para os Estados Unidos foi rejeitada pela Justiça britânica nesta segunda-feira (4).
– 10 milhões de documentos
O WikiLeaks ficou conhecido em 2009 com a publicação de centenas de milhares de mensagens de localizadores enviadas para os Estados Unidos em 11 de setembro de 2001.
Fundada por Julian Assange em 2006, com tecnologia de criptografia, a ONG permite colocar documentos comprometedores on-line sem ser identificado.
Depois, publicou um vídeo que mostra a brutalidade do Exército americano no Iraque, assim como milhares de documentos militares sobre o Afeganistão.
Em 28 de novembro de 2010, o WikiLeaks publicou, com a ajuda de cinco grandes jornais internacionais (The New York Times, The Guardian, Der Spiegel, Le Monde, El País), mais de 250.000 telegramas (“cables”) secretos que revelavam os meandros da diplomacia americana. Após este “cablegate”, Julian Assange tornou-se o inimigo número do governo americano.
Ao todo, o portal afirma ter publicado “mais de 10 milhões de documentos” sobre finanças, entretenimento, ou política.
– Polêmico –
No início, o WikiLeaks, fruto da colaboração internacional entre matemáticos, principalmente dissidentes chineses, tinha como alvo os regimes repressivos da Ásia, do ex-bloco soviético, da África Subsaariana e do Oriente Médio. A maioria das revelações acabou sendo, porém, em detrimento dos Estados Unidos e, com frequência, em benefício da Rússia.
Este país é suspeito de estar por trás da divulgação de e-mails internos do Partido Democrata dos Estados Unidos, divulgados pelo WikiLeaks no verão de 2016. O portal também revelou a espionagem, por parte dos Estados Unidos, de aliados como o presidente francês, ou a chanceler alemã.
O WikiLeaks também é acusado de colocar em risco pessoas, cujas identidades revela em nome da transparência. Ao longo dos anos, vários meios de comunicação e personalidades se distanciaram, apesar de Assange afirmar que trabalha com “mais de 110 organizações de mídia” no mundo.
– Ameaça de extradição –
É difícil dissociar o WikiLeaks de seu fundador australiano, um gênio perseguido, para alguns, e um manipulador paranoico, para outros.
Após um mandado de prisão emitido pela Suécia em 2010, como parte de uma investigação de estupro, Assange se refugiou em 2012 na embaixada do Equador em Londres.
Isolado na missão diplomática por quase sete anos e nacionalizado equatoriano, ele acabou detido pela polícia britânica, depois da mudança de poder em Quito.
Embora a queixa de estupro tenha sido arquivada, os Estados Unidos exigem a extradição de Assange pela publicação de milhares de documentos confidenciais. A juíza Vanessa Baraitser, da Corte Penal de Londres, rejeitou nesta segunda-feira (4) o pedido americano.
– Manning e Snowden –
O “cablegate” não teria sido possível sem a militar americana transgênero Chelsea Manning, que enviou ao WikiLeaks mais de 700.000 documentos confidenciais. Em agosto de 2013, ela foi condenada a 35 anos de prisão por uma corte marcial.
Foi libertada sete anos depois, graças ao indulto do presidente Barak Obama. Voltou a ser detida em março de 2019, porque se recusou a testemunhar em uma investigação sobre o WikiLeaks.
Outro informante, Edward Snowden, ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) e autor das revelações sobre os programas de vigilância em massa, também contou com o apoio ativo do WikiLeaks, embora não tenha escolhido este portal para sua denúncia. Julian Assange recomendou que ele se exilasse em Moscou para escapar da Justiça americana.
– Hollywood –
Hollywood se apropriou do fenômeno WikiLeaks com o filme de Bill Condon “O quinto poder” (2013). Um documentário apresentado no Festival de Cannes em 2016, “Risk”, de Laura Poitras, também se concentra no portal.
Além disso, Julian Assange desempenhou seu próprio papel em um episódio dos Simpsons e inspirou um personagem do 36º álbum de Astérix, “O papiro de César”.