Cinco milhões de australianos retornaram ao confinamento nesta quinta-feira, enquanto a pandemia de coronavírus prossegue em aceleração, com números preocupantes em países como Estados Unidos, com mais de três milhões de casos, e Brasil, com 1,7 milhão de infectados, incluindo o presidente Jair Bolsonaro.

Estados Unidos continuam como o país mais afetado pela COVID-19, com mais de 132.000 mortes, seguido pelo Brasil, que registrou mais de 67.900 vítimas fatais.

Diante do avanço da pandemia, Melbourne, a segunda maior cidade da Austrália, decidiu impor novamente o confinamento, poucas semanas depois de suspender as restrições.

“A ideia de não poder ver as pessoas que você ama e com as quais está preocupado é realmente angustiante”, disse, entre lágrimas, Monica Marshall, moradora de Melbourne que viu sua mãe de 91 anos passar a morar recentemente em um casa de repouso.

“Espero que as pessoas recebam a mensagem de que realmente devem tomar cuidado. É muito desconcertante ver algumas pessoas no noticiário que realmente não se importam”, completou.

Sem vacina ou tratamento efetivo disponível, os especialistas consideram necessário o distanciamento social para conter o vírus, apesar da rejeição à medida em várias partes do mundo, por falta de informação e por seus custos econômicos.

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No estado australiano de Victoria, que tem Melbourne como capital, os compradores esvaziaram as prateleiras dos supermercados na quarta-feira, quando teve início o confinamento.

A principal rede de supermercados do país voltou a impor restrições para a venda de alguns produtos.

Na Europa, onde muitos países conseguiram controlar os focos de epidemia, a França afirmou que permanece em alerta por um possível novo surto.

O novo primeiro-ministro do país, Jean Castex, prometeu, no entanto, que o país não voltará a impor um confinamento tão severo como o anterior. “Aprendemos que as consequências econômicas e humanas de uma quarentena total são desastrosas”, declarou.

– “Estou muito assustado –

O coronavírus infectou mais de 12 milhões de pessoas no planeta e provocou quase 550.000 mortes, além de ter abalado a economia mundial.

A região da América Latina e Caribe registra mais de 132.000 vítimas fatais e superou três milhões de contágios.

Estados Unidos continuam como o país mais afetado, com mais de três milhões de casos, mas o presidente Donald Trump continua com sua defesa da reativação da economia, apesar das advertências sobre o risco de fazer isto de maneira apressada.

No mesmo sentido, o presidente brasileiro tuitou na quarta-feira que “com a graça de Deus viverei ainda por muito tempo”, depois defender mais uma vez o uso da polêmica hidroxicloroquina para tratar a doença.

O Peru superou a marca de 11.000 mortes, uma semana depois de iniciar uma flexibilização progressiva do confinamento, enquanto o México registrou um novo recorde diário de contágios na quarta-feira, com 6.995.

Nos Estados Unidos, Trump enfrenta os especialistas do próprio governo e critica o Centro para o Controle e Prevenção de Doenças por recomendar uma reabertura das escolas que considera muito restritiva.


Várias autoridades locais no país se esforçam para conter a propagação do vírus, que soma milhares de casos a cada dia.

Muitas cidades e estados americanos foram obrigados a recuar nas medidas de reabertura.

Os estudantes estrangeiros nos Estados Unidos foram informados que não poderiam ficar no país em caso de cursos à distância em consequência da pandemia.

“Estou muito assustado (…) Não tenho ninguém que possa cuidar de mim se ficar doente”, afirmou um estudante indiano no Texas, que pediu para não ter o nome divulgado.

– Caos em Belgrado –

Belgrado, capital da Sérvia, viveu uma segunda noite de distúrbios pelos confrontos entre policiais e manifestantes.

Os manifestantes estão indignados com a forma como o governo combate a pandemia de coronavírus.

Nuvens de gás lacrimogêneo e fumaça encheram o centro de Belgrado em meio a cenas caóticas que lembraram a violência da noite anterior, quando a polícia dispersou milhares de pessoas que saíram para protestar contra o retorno do confinamento no fim de semana devido ao aumento de novos casos da COVID-19.

Embora o presidente Aleksandar Vucic tenha afirmado que é provável que o toque de recolher do fim de semana seja suspenso, milhares de pessoas se reuniram em frente ao Parlamento novamente para protestar.

A indignação está concentrada no presidente, a quem os críticos acusam de ter favorecido uma segunda onda da epidemia ao suspender muito rápido o confinamento para realizar as eleições de 21 de junho.

“O governo apenas procura proteger seus próprios interesses, as pessoas são danos colaterais”, disse Jelina Jankovic, 53 anos, no meio do protesto.

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