Lá se vão cinco meses, completados na terça-feira 14, que a vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, foram executados no Rio de Janeiro. Até a quarta-feira 15 a polícia não chegara a lugar algum nas investigações. Alega que não fornece informações sobre o quanto evoluiu a busca a mandantes e executores para não atrapalhar o trabalho. Não é nada disso: se não fala é porque não tem sequer par de sete nas mãos. Finalmente, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, propos agora que a Polícia Federal assuma o caso. Demorou. Ocorre, no entanto, que o Ministério Público Federal, do Rio de Janeiro, dono da prerrogativa de endossar ou não essa decisão, já se manifestou contrário a ela. O procurador-geral de Justiça José Eduardo Gussem enviou ofício a Jungmann, dizendo que não é necessária a transferência à Justiça Federal – na verdade, tal transferência é urgente, até porque a ex-companheira de Marielle, Monica Benício, vem relatando que está sofrendo ameaças de morte. O MPF diz que a demora na elucidação dos crimes está associada “às circunstâncias em que foram

Mauro Pimentel

praticados”. Isso é tão óbvio como a desculpa dada recentemente por Jungmann de que a dificuldade se explica porque pode haver políticos e agentes do Estado envolvidos nos assassinatos. São cinco meses para falar o que todo mundo já sabe desde os estampidos dos tiros que vitimaram Marielle e Anderson. Há um caminho que leva aos criminosos: reeditar a República do Galeão – comandada por militares, foi ela que, em 1954, descobriu com presteza os responsáveis pelo atentado da Rua Toneleros que feriu Carlos Lacerda e matou o major da Aeronáutica Rubens Vaz. O raciocínio mais elementar é o seguinte: se a polícia do Rio de Janeiro fosse eficiente, o Rio de Janeiro não teria chegado ao ponto em que chegou na bandidagem. Ao propor a federalização do caso, Jungmann irritou o general Walter Braga Netto que comanda a intervenção federal. Jungmann mostrou, sem querer, que a polícia, os militares e órgãos federais de inteligência não estão integrados.

O ministro Raul Jungmann disse, agora, que o caso Marielle é de difícil elucidação porque envolve políticos e agentes do Estado. Falou o que todo mundo já sabe desde o estampido do tiro que matou a vereadora

TRAGÉDIA
Em cinco anos, dez pontes caem na Itália

Stefano Rellandini

Em cinco anos, a Itália sofreu dez desabamentos de pontes. Explica-se isso pelo desgaste de suas estruturas antigas e, também, porque, quando são reformadas, as obras ficam inconclusas. Na terça-feira 14 houve uma tragédia em Gênova: despencou, feito papelão, um trecho de 215 metros da ponte Polcevera, que une duas estradas a partir da fronteira com a França (ao todo ela tem um quilômetro de extensão). Até a quarta-feira havia 39 mortos e 19 feridos. A Polcevera passa (cem metros de altura) sobre o rio homônimo, casas e linhas de trem. O governo culpou a concessionária responsável pela manutenção e a multou em 150 milhões de euros. A ponte foi construída em 1967 e reformada em 2016.

TSE
Sem malabares na Lei da Ficha Limpa

Roberto Jayme/ASCOM/TSE

É tradição no País que a maioria da população não entenda de leis – e, por isso, há quem aposte na confusão dizendo ser elegível aquele que está condenado em duplo grau de jurisdição. A brincadeira de pôr fogo no circo acabou. A discreta e competente ministra do STF Rosa Weber tomou posse na presidência do TSE. Ela não faz malabares com a Lei da Ficha Limpa – aplica-a. Destaque de sua fala: o TSE pode determinar de ofício (iniciativa própria) a inelegibilidade de condenados em segunda instância.

ARGENTINA
Nada nos surpreende, Cristina

Natacha Pisarenko

A ex-presidente da Argentina e atual senadora Cristina Kirchner (foto) está enredada na versão da Lava Jato em seu país: é acusada de associação ilícita com empreiteiros e desvio de milhões de dólares em obras públicas (conhecemos isso), quando presidiu a nação (2007-2015). Na semana passada, ela compareceu perante um juiz. Ficou em silêncio. À mídia, negou tudo (conhecemos isso), inclusive a veracidade dos chamados “cadernos da corrupção”, nos quais um motorista do Ministério do Planejamento anotara idas e vindas com propina (conhecemos isso). Por fim, Cristina se disse perseguida política (conhecemos isso). É possivel que o Congresso autorize buscas em seu apartamento. Improvável é que permita a sua prisão. A América Latina tem doze ex-presidentes presos, investigados ou foragidos.

ELEIÇÕES
Photoshop no Português

EXAGERO A senadora Kátia Abreu, depois e antes do tratamento de imagem: meme nas redes sociais (Crédito:Divulgação)

É normal que os responsáveis pela área de comunicação de candidatos façam de tudo para elegê-los. Muitas vezes, acabam exagerando no tratamento de imagens. Foi o que ocorreu com a fotografia oficial da chapa do PDT à sucessão presidencial. Nela, estão Ciro Gomes e a vice, a senadora Kátia Abreu. Virou meme. A própria Kátia escreveu: “Amei as reações sobre minha foto. Concordo total com vcs mas pessoal de comunicação, sabem como é? Acham ou tem certeza que sabe tudo. Valeu pela ajuda”. Na verdade, pelos erros de concordância, regência e acentuação, a senadora precisa de photoshop no Português
e na redação.

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