LAMPEDUSA, 18 AGO (ANSA) – Cinco imigrantes, vestindo coletes salva-vidas, saltaram neste domingo (18) do navio Open Arms, da ONG espanhola Proactiva, para tentar chegar à costa de Lampedusa, na Itália, nadando.   

Para evitar o pior, alguns voluntários da ONG mergulharam e trouxeram de volta os imigrantes para a embarcação. Dentro do navio, algumas mulheres choraram e o fundador da Proactiva, Oscar Camps, destacou que a “situação é insustentável”.   

“Não podemos mais conter o desespero. Não podemos mais explicar.   

Palavras estão faltando. Vocês são uns covardes”, afirma a Open Arms.   

O navio resgatou cerca de 150 imigrantes no Mediterrâneo, mas está à deriva há 17 dias, sem autorização de desembarque em nenhum porto. Na última semana, o Tribunal Administrativo Regional (TAR) do Lazio emitiu uma ordem que permitia que a embarcação se aproximasse no porto de Lampedusa, no sul do país europeu, apesar das ameaças do vice-premier e ministro do Interior, Matteo Salvini.   

Com uma mensagem no Twitter, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, ofereceu o porto de Algeciras, na Andaluzia, para realizar o desembarque dos imigrantes a bordo do Open Arms.   

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

“Eu indiquei que o porto de Algeciras está habilitado a receber o OpenArms. Espanha atua sempre diante de emergências humanitárias. É necessário estabelecer uma solução europeia, ordenada e solidária, [aplicando] os valores do progresso e humanismo da UE ao desafio da imigração”, escreveu Sánchez.   

O premier espanhol também criticou Salvini por fechar todos os portos italianos para o desembarque do Open Arms.   

“A resposta inconcebível das autoridades italianas, e especificamente do seu ministro do Interior, Matteo Salvini, de fechar todos os seus portos, e as dificuldades expostas por outros países do Mediterrâneo Central, levaram a Espanha a liderar a resposta à crise novamente humanitária”, disse o premier em um comunicado.   

Salvini, que autorizou ontem (17) o desembarque de mais de 20 menores de idade do navio, respondeu Sánchez em um vídeo.   

“A Espanha abriu seus portos. Eu não respondi com insultos ou ameaças de morte. Se raciocina com calma e se trabalha como ministro. Eu permaneço no ministério, eu não desisto”, afirmou Salvini.   

O Open Arms, por sua vez, informou que “não é capaz de enfrentar sete dias” de viagem para chegar na Espanha, principalmente por conta da “situação de emergência” dos náufragos.   

“Nós não recusamos a oferta da Espanha, apenas o fato de que depois de 17 dias no mar com 107 pessoas exaustas e a situação de emergência a bordo não somos capazes de enfrentar sete dias de mar”, informou a ONG.   

– Inspeção – Uma inspeção ordenada pela Procuradoria da República de Agrigento, na Itália, revelou neste domingo que a embarcação não possui nenhuma situação crítica de saúde e higiene. “Pacientes imaginários, menores imaginários, agora emergências imaginárias de saúde … A ONG Open Arms e seus cúmplices estão chegando ao auge do ridículo, os italianos são bons, mas não tolos”, afirmou Salvini.   

Nesta sexta-feira (16), 13 imigrantes foram retirados do navio e levados para hospitais, pois a ONG alegou que precisavam de atendimento médido. Porém, o responsável pelo ambulatório de Lampedusa, Francesco Cacia, disse à ANSA que “dos 13 náufragos, somente um tinha otite. Os outros não sofriam de nenhuma patologia”.(ANSA)


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias