Cuba, a maior ilha das Antilhas, onde ocorreram no domingo protestos sem precedentes contra o governo, é um dos últimos países comunistas do mundo e ainda enfrenta um embargo americano herdado da Guerra Fria.

– A maior das Antilhas –

Descoberta por Cristóvão Colombo em 1492, Cuba, uma ex-colônia espanhola que se tornou independente em 1902, é a maior ilha do Caribe com uma área de 110.860 km2 e 11,2 milhões de habitantes.

A escravidão, abolida em 1886, tornou-se uma força de trabalho de origem africana que substituiu as comunidades indígenas dizimadas.

– 60 anos de regime castrista –

Em 1º de janeiro de 1959, Fulgencio Batista, no poder desde 1952 após um golpe de Estado, foi derrubado pelos “barbudos” de Fidel Castro. O “líder máximo” estabeleceu uma República Socialista dois anos depois.

Os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com Havana em 1961 e apoiaram uma tentativa fracassada de invasão para derrubar Castro na Baía dos Porcos. No ano seguinte, a descoberta de mísseis soviéticos em Cuba – localizados a cerca de 150 km ao sul dos Estados Unidos – desencadeou a pior crise nuclear da Guerra Fria.

No mesmo ano, Washington impôs um estrito embargo econômico à ilha, ainda em vigor. Em 31 de julho de 2006, Fidel Castro, doente, pediu a seu irmão Raúl que o substituísse no comando do Estado. Em fevereiro de 2008, Raúl Castro tornou-se oficialmente presidente.

Em abril de 2011, Raúl assumiu a liderança do Partido Comunista de Cuba (PCC), o partido único, fundado em 1965. Fidel morreu em novembro de 2016. Uma nova geração assumiu o governo de Cuba com Miguel Díaz-Canel, presidente desde 2018 e primeiro secretário do PCC desde abril de 2021, após a aposentadoria de Raúl Castro.

No domingo, oprimidos pela crise econômica e de saúde agravada pela covid-19, milhares de cubanos se manifestaram em dezenas de cidades, uma mobilização sem precedentes em Cuba.

– Embargo, capacidade de “resolver” e charutos –

O embargo permanente dos Estados Unidos fez com que seus habitantes se tornassem especialistas em “resolver”, como Cuba chama a capacidade de obter coisas em meio à escassez, seja por meio de reciclagem, conserto e assim por diante.

Privada de subsídios soviéticos desde a desintegração da URSS em 1990, a ilha tornou-se altamente dependente da Venezuela, um fornecedor de petróleo em condições privilegiadas, pago com serviços médicos.

Mas Caracas enfrenta uma crise muito séria e também está sujeita ao embargo dos Estados Unidos. Assim, a China assumiu em 2017 o seu lugar como o maior parceiro comercial de Cuba.

A economia cubana caiu 11% em 2020, seu maior colapso em quase 30 anos, com a ausência de turistas devido à pandemia e o endurecimento do embargo dos Estados Unidos sob mandato do ex-presidente Donald Trump (2017-2021), após um breve degelo das relações durante a gestão de seu antecessor, Barak Obama, que motivou o restabelecimento das relações diplomáticas.

O tabaco, com seus famosos charutos cubanos, níquel, açúcar, mariscos, remédios e serviços médicos -especialmente o envio de médicos cubanos para o exterior- são os principais produtos de exportação cubanos.

As remessas são a segunda fonte de divisas de Cuba, depois da exportação de serviços médicos.

– Abertura econômica –

Raúl Castro iniciou reformas para “atualizar” um modelo econômico esgotado, inspirado no soviético. Permitiu o pequeno empreendedorismo privado e maior abertura ao investimento estrangeiro, sempre preservando as “conquistas do socialismo” em uma economia ainda controlada pelo Estado.

A chegada da internet móvel (3G) no final de 2018 permitiu a expressão de um descontentamento social sem precedentes em Cuba.

Nos últimos meses, o governo acelerou a modernização da economia.

No início deste ano, Cuba unificou suas duas moedas locais com o objetivo de tornar sua economia mais eficiente e mais clara para os investidores estrangeiros.

O governo também decidiu abrir a maioria das atividades econômicas ao setor privado (exceto em áreas-chave como imprensa, saúde, educação).

– Vacinas próprias –

Cuba, que começou a projetar e produzir suas próprias vacinas na década de 1980, está desenvolvendo cinco vacinas candidatas contra covid-19.

O país acaba de autorizar o uso emergencial da mais avançada delas, a Abdala, primeira vacina anticovid criada na América Latina.