A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou a pandemia de Covid-19 há cinco anos, em 11 de março de 2020 e, desde então, outras doenças também alimentaram o temor de um novo surto global.
Em junho de 2024, a entidade emitiu uma lista de “patógenos prioritários” que têm a maior probabilidade de causar uma pandemia. O documento inclui os organismos causadores da mpox e da gripe aviária, enfermidades que causaram surtos em regiões específicas, como a África e os Estados Unidos, respectivamente.
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Mpox
A mpox, anteriormente conhecida como “varíola dos macacos”, foi declarada como uma ESPII (Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional) em 14 de agosto de 2024. Na ocasião, a doença gerou uma epidemia na África, após se espalhar da República Democrática do Congo.
A doença é causada pelo vírus MPXV, cuja variante 1b, considerada como mais letal, foi identificada no Brasil pela primeira vez nesta sexta-feira, 7. De acordo com o Ministério da Saúde, a mesma cepa já foi encontrada em países como Uganda, Ruanda, Quênia, Reino Unido, Alemanha, China, Tailândia, EUA, Bélgica, Angola, Zimbábue, Canadá, França, Índia, Paquistão, Suécia, Emirados Árabes Unidos, Omã, Catar e África do Sul.
Conforme a pasta, o Brasil registrou 2.052 casos de mpox em 2024 e nenhuma morte, com a maioria dos pacientes apresentando sintomas leves e moderados.
Gripe Aviária
Desde o início de 2024, a infecção causada pelo vírus influenza A (H5N1) vem se espalhando principalmente nos Estados Unidos. Por lá, já atinge aves domésticas, gado leiteiro e humanos que tiveram contato com animais infectados. No início de janeiro, foi registrada no mesmo país a primeira morte pela doença.
O vírus da gripe aviária em animais se espalhou rapidamente pelos Estados Unidos, levantando preocupações sobre uma futura pandemia entre humanos.
Até o momento, autoridades como o CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA – em tradução) e a OMS avaliam que o risco de uma emergência global causada pelo vírus H5N1 é baixo. “Embora se espere que ocorram infecções humanas adicionais associadas à exposição a animais infectados ou ambientes contaminados, o impacto geral na saúde pública dessas infecções, em nível global, no momento, é pequeno”, diz a OMS
Os 60 casos humanos registrados nos Estados Unidos, incluindo o morto, foram causados pela exposição direta a um animal e a OMS especificou que nenhuma transmissão entre humanos foi registrada.
Além da H5N1, a linhagem euroasiática da gripe aviária, a H5N9, também foi identificada em animais nos EUA pela primeira vez em 2025. A presença do vírus fez com que 119 mil aves fossem sacrificadas.
Vírus Nipah
Em setembro de 2024, autoridades de uma região do sul da Índia adotaram medidas de isolamento social, como fechamento de escolas e escritórios, após um surto causado pelo vírus Nipah deixar duas mortes.
De acordo com a OMS, o Nipah é um vírus zoonótico que pode ser transmitido para as pessoas de morcegos e porcos ou pelo consumo de alimentos contaminados, além de também se disseminar pelo contato entre seres humanos.
Segundo dados da OMS, mais de 600 casos de infecções humanas pelo vírus Nipah foram relatados de 1998 a 2015.
Em 2018, a Índia enfrentou um surto que matou mais de 20 pessoas que contraíram o vírus Nipah. Em 2019, foram duas mortes. A ação rápida e o rastreamento generalizado de contatos impediram uma maior disseminação. Em 2021, foram registradas mais duas mortes pela doença.
Desde que foi detectado pela primeira vez, surtos também foram registrados em muitos países do sudeste asiático, incluindo Cingapura, Bangladesh e Índia. Em algumas partes da Ásia, novos casos do vírus Nipah foram registrados quase anualmente, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.
Doença de Marburg
Em outubro de 2024, o Ministério da Saúde de Ruanda confirmou casos inéditos no país de infecção pelo vírus Marburg. A entidade define a doença como altamente virulenta e responsável por um quadro de febre hemorrágica com taxa de mortalidade que chega a 88%, dependendo da cepa e do gerenciamento de casos.
Na ocasião, haviam sido identificados 26 casos e o vírus foi encontrado em sete dos 30 distritos do país. Mais da metade dos infectados eram profissionais de saúde de dois hospitais de Kigali.
Anteriormente, em 2023, foram identificados dois surtos distintos de Marburg em dois países: Guiné Equatorial e Tanzânia.
De acordo com a OMS, a doença figura como uma grave ameaça à saúde pública em razão de sua elevada taxa de mortalidade, além da ausência de um tratamento antiviral ou mesmo de uma vacina capaz de conter a disseminação do vírus.
A infecção do vírus Marburg é disseminada por morcegos aos seres humanos, mas também pode ocorrer de pessoa para pessoa caso haja contato com fluidos corporais como sangue, fezes, vômito, saliva, urina, suor, leite materno, sêmen e fluidos da gravidez.
A OMS alerta que o vírus, muitas vezes, se espalha de um membro da família para outro ou ainda de um paciente para um profissional de saúde que não utilize equipamentos de proteção adequados.
Metapneumovírus
Em janeiro deste ano, um surto de HMPV (Metapneumovírus Humano), um vírus respiratório que provoca febre, tosse e congestão nasal, trouxe preocupação após uma rápida propagação em algumas partes da China.
O HMPV foi identificado pela primeira vez em 2001 por um grupo de pesquisa na Holanda, embora já tenha circulado antes disso, e foi identificado no Brasil em crianças menores de três anos em Sergipe, em 2004. As mutações do vírus são mais estáveis e raras do que as da Covid-19.
Após o surto do HMPV, o governo de Pequim descartou a possibilidade de uma nova pandemia. Conforme as autoridades chinesas, a intensidade e escala da doença permanecem baixas em comparação com anos anteriores. Na época, o país afirmou que estava implementando um novo protocolo de monitoramento em resposta aos casos.
Confira a lista dos “patógenos prioritários da OMS:
- Febre de Lassa
- Febre Hemorrágica Argentina
- Cólera
- Yersinia pestis
- Shigelose
- Salmonela
- Klebsiella pneumoniae
- MERS – Vírus Respiratório do Oriente Médio
- SARS – Síndrome Respiratória Aguda Grave
- Ebola
- Doença de Marburg
- Zika Vírus
- Dengue
- Febre Amarela
- Encefalite do carrapato
- Vírus do Nilo Ocidental
- Hantavirus
- Febre Hemorrágica da Crimeia-Congo
- Gripe Aviária – H1 ao H10
- Gripe Suína – H1 ao H3
- Vírus Nipah
- Febre STFS
- Febre do vale Rift
- Vírus da varíola
- Mpox
- Chikungunya
- Encefalite Equina Venezuelana
- Adenovírus
- Adenovírus 14
- Doença de Mão, Pé e Boca
- Lentivírus
- Vírus da Doença de Borna
- Hepatite C e E
De acordo com o “Daily Mail”, a lista foi elaborada por 200 pesquisadores de mais de 50 países que analisaram 1,6 mil bactérias e vírus, considerando como mais perigosas as doenças que não possuem vacina ou tratamento disponível para os pacientes.
Muitas das doenças que estão presentes na lista foram diagnosticadas apenas em casos esporádicos, mas pesquisadores consideram que, caso os patógenos sofram alguma mutação, se tornariam mais capazes de se disseminar entre os seres humanos.
A maioria das enfermidades do documento são transmitidas por carrapatos, morcegos ou roedores, mas, para se tornar uma pandemia, um vírus ou bactéria precisa se espalhar entre humanos e no mundo todo.
*Com informações da Agência Einstein, Agência Brasil, Estadão e AFP