Cientistas pediram, nesta quarta-feira (8), em uma reunião internacional em Paris, o aumento do financiamento para a pesquisa polar diante da aceleração do degelo nos dois polos terrestres.

O “One Planet Polar Summit” foi organizado pelo governo francês para compartilhar as descobertas e projeções da comunidade científica sobre o degelo e oferecer recomendações para uma melhor proteção das regiões glaciares e polares.

“A pesquisa sobre a criosfera avançou muito nas últimas décadas”, apontou, no primeiro dia de debates, a paleoclimatologista Valérie Masson-Delmotte.

A especialista recordou que o termo “criosfera”, que engloba todos os tipos de gelo presentes na Terra (gelo marinho, glaciares, icebergs e pergelissolo), apareceu pela primeira vez em um texto da Conferência sobre a Mudança Climática do ano passado (COP27).

“Está claro que necessitamos de apoio”, acrescentou seu colega, Jean Jouzel.

“Também é necessário financiamento da pesquisa polar, claramente insuficiente”, advertiu Olivier Poivre d’Arvor, embaixador da França para os polos e o oceano.

O “One Planet Polar Summit” reúne cientistas, pesquisadores e políticos de cerca de 40 países e regiões glaciares e polares até a sexta-feira.

É realizado ao mesmo tempo que o Fórum de Paris para a Paz, que ocorre entre sexta e sábado.

Um dos objetivos declarados é estabelecer uma cooperação internacional no estudo das consequências do aquecimento nas geleiras e nos polos, assim como na prevenção e adaptação das políticas climáticas frente à rápida erosão da criosfera.

Os polos e a criosfera “são afetados pelas tensões geopolíticas” que “representam as novas fronteiras do multilateralismo”, apontou Ángel Gurría, presidente do Fórum de Paris para a Paz, presente na abertura do evento.

Ao final das reuniões de cientistas dedicadas a preparar recomendações políticas, foi lançada uma convocação geral composta por seis medidas.

Tais medidas instam os governos a “reduzir forte e rapidamente” as emissões de gases de efeito estufa para respeitar os objetivos do Acordo de Paris, ou seja, limitar o aquecimento global a 2°C ou a 1,5ºC em relação à era pré-industrial.

Os participantes também pediram às autoridades que apoiem “iniciativas e missões científicas internacionais” destinadas a “melhorar o conhecimento sobre a criosfera”, destacando a importância da cooperação internacional para garantir uma coleta de dados contínua e exaustiva.

Um primeiro relatório científico internacional sobre a criosfera será apresentado às autoridades políticas ao final da cúpula.

egd/ico/nth/jz/hgs/js/dd/mvv