Um grupo de cientistas franceses anunciou nesta terça-feira (25) que havia alcançado “a proeza” de dominar a reprodução da lagosta vermelha, o que poderia permitir a “restauração ecológica” desta espécie em extinção.

Os especialistas do laboratório Stella Mare da ilha francesa da Córsega conseguiram obter espécimes juvenis, ou seja, que ainda não atingiram o tamanho adulto, deste crustáceo inscrito na Lista Vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Isso abre o caminho para a reprodução em larga escala, afirmou à AFP Antoine Aiello, diretor do Stella Mare, uma plataforma dependente da Universidade da Córsega e do Centro Nacional Francês de Estudos Científicos.

“A obtenção de um juvenil, seja qual for a espécie, é a chave tecnológica para abrir as portas para uma reprodução em maior escala e obter uma quantidade” suficiente para uma “restauração ecológica”, que poderia ocorrer em um período máximo de cinco anos, segundo Aiello.

Duas outras equipes no mundo conseguiram até agora obter juvenis de lagosta vermelha, mas com taxas de sobrevivência menores.

Em menos de três meses, o experimento do Stella Mare produziu “seis juvenis, 83 dias após a eclosão dos ovos”, com uma “taxa de sobrevivência encorajadora de 50% no último estágio larval”, explicaram os cientistas.

As capturas de lagosta vermelha na costa atlântica e no Mediterrâneo têm registado “um declínio contínuo”, de “mais de 90% em algumas áreas” desde a década de 1950, segundo a União Europeia.

O objetivo é restaurar a espécie para que “os pescadores continuem a pescar lagosta selvagem”, de acordo com Aiello.

Na Córsega, um dos maiores centros de pesca de lagosta da Europa, as capturas caíram de 300 toneladas por ano na década de 1950 para 60 toneladas em 2020.

Atualmente, esta prática gera um volume de negócios anual superior a 4 milhões de euros e representa 70% do rendimento da pesca profissional insular, explica Aiello, que defende o interesse “ecológico, econômico e patrimonial (desta reprodução) para a Córsega e outros lugares”.