Cientistas americanos criaram o primeiro mapa tridimensional em escala atômica da parte do novo coronavírus que infecta células humanas, indicando uma etapa crucial para o desenvolvimento de uma vacina e possíveis tratamentos, segundo estudo publicado nesta quarta-feira (19).

Uma equipe de pesquisadores da Universidade do Texas, em Austin, e dos Institutos Nacionais da Saúde recorreram a uma tecnologia chamada de criomicroscopia eletrônica, premiada com o Nobel de Química em 2017, para mapear a parte específica do vírus que se une às células do corpo humano, pontas chamadas de proteínas de espícula.

“Essa ponta é o antígeno que queríamos inserir nos humanos para provocar de maneira preventiva a produção de anticorpos pelo sistema imunológico, de forma que esteja pronto para responder a um ataque quando o verdadeiro vírus aparecer”, explica Jason McLellan, cientista à frente do estudo, à AFP.

Há anos sua equipe e ele estudam outros vírus da mesma família que o COVID-19, surgido na China.

Aproveitando essa experiência anterior e a partir do genoma divulgado pela China no início da epidemia,os pesquisadores americanos criaram uma versão estável das pontas do vírus em laboratório.

Sua estrutura molecular está agora disponível aos cientistas de todo o mundo.

“É uma bela e nítida estrutura de uma das proteínas mais importantes do coronavírus, um verdadeiro avanço para entender como o coronavírus encontra e entra nas células”, comenta o infectologista Benjamin Neuman, da Texas A&M University-Texarkana, que não participou do estudo.

O mapa ajudará os pesquisadores a entender como o vírus se camufla e como neutralizá-lo, e lhes dará pistas para elaborar medicamentos antivirais e desenvolver uma vacina.

A epidemia de COVID-19 causou mais de 2 mil mortos na China, onde 74.185 casos foram registrados desde o final de dezembro.