18/04/2017 - 18:32
Um grupo de cientistas alertou nesta terça-feira (18) sobre o perigo crescente relacionado ao lixo espacial acumulado durante seis décadas de exploração do cosmos, seja por meio de satélites ou em missões com astronautas.
Em menos de um quarto do século, o número de detritos com tamanho o suficiente para destruir uma nave espacial duplicou, de acordo com informações dos participantes de uma conferência da Agência Espacial Europeia (ESA) em Darmstadt, na Alemanha.
“Estamos muito preocupados”, declarou Rolf Densing, diretor de operações da ESA, que espera por uma conscientização diante de um problema que julga poder ser resolvido apenas globalmente.
O risco de colisões com lixo espacial é estatisticamente baixo. Porém, ele aumentou com as sucessivas missões espaciais iniciadas em 1957, com o lançamento do Sputnik 1, o primeiro satélite artificial, pela União Soviética.
Destroços dos foguetes, satélites fora de serviço, ferramentas perdidas por astronautas: todos esses objetos se multiplicam cada vez mais sob efeito das dispersões e colisões em cadeia.
Esses resíduos são capazes de alcançar 28.000 quilômetros por hora, velocidade essa na qual até mesmo um pequeno objeto pode ser suficiente para causar enormes danos.
Em 1993, alguns radares terrestres localizaram 8.000 objetos que tinham dimensão de mais de 10 centímetros. “Hoje em dia, temos cerca de 5.000 objetos com mais de um metro de comprimento, 20.000 objetos de mais de 10 cm… e 750.000 “partículas de 1 cm” provenientes da colisão desse lixo, especificou Holger Krag, responsável pelo departamento de resíduos espaciais da ESA.
A Agência Espacial Europeia afirma receber um alerta por colisão a cada semana, relacionado apenas aos seus 10 satélites situados na baixa órbita terrestre. Esses devem efetuar manobras entre uma a duas vezes ao ano para evitar acidentes.
O astronauta francês Thomas Pesquet explicou em um vídeo que a Estação Espacial Internacional (ISS), na qual vive atualmente, é capaz de resistir ao impacto de objetos de até 1 centímetro de diâmetro.
“A estação deve realizar manobras com frequência para evitar (a colisão com) os objetos, mas precisa de 24 horas para poder ser novamente acionada”, contou Pesquet diretamente da ISS. Caso a tripulação não tenha tempo de evitar que o impacto aconteça, deve “ir a seu refúgio, a nave espacial Soyuz, para poder abandonar a estação em caso de colisão”, ressaltou. “Isso ocorreu quatro vezes na história da ISS”, salientou.