Já tratei aqui, neste espaço gentilmente concedido pelos editores desta relevante publicação científica, sobre esta nova doença social. Um fenômeno que eu mesmo, na condição de pesquisador, identifiquei e nomeei: fake reality.

Na presente monografia, apresentarei novas observações, recentemente obtidas, já que o vírus tem
se espalhado por diversos grupos que pareciam imunes, cientificamente falando.

Fake reality, para aqueles que não estão familiarizados com meu tratado original, não tem nada a ver com realidade virtual. Essa última não passa de brincadeira de criança, onde o sujeito fica lá com seus óculos ridículos fingindo que está pilotando um fórmula 1.

Nada disso.

Fake reality é coisa séria.

Trata-se de uma mutação do vírus fake news, cientificamente falando.

Ao poucos, o universo de inverdades as quais fomos expostos foi criando uma atrofia no sistema de bom senso central e boa parte da população passou a acreditar e defender premissas absurdas.

A proliferação da doença não só é capaz de enganar muita gente por muito tempo como também causa o temerário efeito de contaminar os próprios hospedeiros, que passam a viver em seu próprio conto de fadas, denominado de autofake reality.
Não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. É, de fato, uma pandemia.

As consequências em todo mundo são graves, mas no presente estudo pretendo me ater apenas ao Brasil. Por aqui, os exemplos são fartos, cientificamente falando, já que o novo governo foi capaz de, em apenas três meses, espalhar amplamente o vírus fake reality.

Alerto que a população vem sendo gradativamente contaminada. Um exemplo foi a declaração do presidente Messias, em Washington, sobre estar hospedado na Blair House: “é uma honraria concedida a pouquíssimos chefes de Estado”. Não é verdade. Os ex-presidentes FHC, Lula e Dilma pernoitaram no mesmo local. É ali que a Casa Branca hospeda habitualmente chefes de estado.

Mas, para aqueles contaminados pela fake reality, nosso presidente mereceu esta especial reverência, motivo de orgulho aos portadores do vírus que passaram a aceitar como verdade tudo que é dito ou tuitado.

Concordo que esse exemplo não é grave, apesar de ilustrativo. Muito mais grave foi a afirmação, na mesma viagem, que “o antigo comunismo não pode mais imperar neste nosso ambiente”. Os que ainda não foram inoculados com o vírus tentaram entender a qual “comunismo” o presidente se referia.

A verdade é que durante 12 anos tivemos um governo de esquerda. Mas considerar que o antigo governo era comunista, só mesmo num universo paralelo. A fake reality transmitida pelo presidente tem sintomas que podem não ser objetivos, mas que constroem essa realidade alternativa característica da doença, cientificamente falando.

O vírus tem como consequência políticas mal direcionadas e decisões absurdas. Justifica atitudes e objetivos equivocados, pois partem de premissas falsas. Afirmar que o presidente faz essas declarações de má-fé não é o escopo desta monografia. Para tanto, seriam necessários estudos adicionais mais profundos, cientificamente falando. Parece muito mais provável que o presidente tenha sido contaminado pela autofake reality que citei acima.

Cercado, assessorado e apupado por gente que sofre deste mesmo mal em estado avançado, o presidente Messias espalha o vírus sem se dar conta.

Nota final sobre a possibilidade de cura: os colegas cientistas que desenvolveram este estudo estavam dedicados a buscar um antídoto para o mal. Mas isso foi antes da reunião com o presidente Trump. Aí ferrou, cientificamente falando.

O vírus tem como consequência políticas mal direcionadas e decisões absurdas. O presidente Messias sofre com o vírus da autofake reality. Cientistas tentavam uma cura, alguma vacina. Isso antes do encontro com Trump. Daí ferrou tudo