23/11/2016 - 11:21
Ciências para Educação significa associar as diversas ciências – Neurociência, Física, Psicologia, entre outras – a objetivos aplicáveis às práticas educacionais. Isto é, trazer o novo que a ciência cria para a educação. Por exemplo, há muito a aprender com a Neurociência: o modo como a qualidade do sono influencia a nossa capacidade de armazenar informações, ou ainda como um aluno disléxico pode ter maiores chances de aprender do que no passado. Mas esses novos achados da ciência ainda não chegaram à escola. Não levar esses novos conhecimentos ao professor é o mesmo que não lhe permitir o direito ao conhecimento, tão necessário para fazer cumprir o direito legal da aprendizagem para todos os alunos.
A crítica é que hoje há um isolamento grande entre o que se faz nas universidades ou centros de pesquisas e o que se faz na escola, além de uma baixa cultura em usar evidências para a tomada de decisões na área educacional. Para Ricardo Paes de Barros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor do Insper, falta ao Brasil uma estratégia científica para enfrentar os desafios na educação.
Por isso mesmo, o Instituto Ayrton Senna – em parceria com o Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ (ICB), o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) – vem apoiando a estruturação e o desenvolvimento da Rede Nacional de Ciência para Educação (Rede CpE), liderada pelo neurocientista e professor Roberto Lent, da UFRJ. Esta Rede hoje comporta mais de 80 importantes grupos de pesquisa de diferentes áreas do conhecimento, unidos pelo objetivo de compartilhar informações e realizar pesquisas científicas que possam promover melhores práticas e políticas educacionais baseadas em evidências. Trata-se, portanto, de uma rede de cientistas com a missão de realizar pesquisa translacional em educação, cujo desafio maior é fazer chegar esses novos conhecimentos ao chão da escola.
No último ano, a Rede CpE realizou um amplo censo nacional dos pesquisadores que já atuam na interface entre ciência e educação no Brasil. O resultado desse trabalho foi apresentado nesta última 2ª feira, e pode ser acessado através de uma Plataforma Digital.
Esse esforço inicial já identificou 25 mil pesquisadores com estudos de potencial aplicação em educação no país.
Para um país como o Brasil, com tantos déficits de aprendizagem escolar, esse pode ser um caminho para alavancar os índices de aprendizagem na Educação Básica (da creche ao ensino médio), além de abrir um novo espaço de atuação para a ciência e a tecnologia nacionais.