A associação austríaca Comitê Internacional de Mauthausen pediu, nesta quinta-feira (23), à cidade de nascimento de Adolf Hitler, Braunau am Inn, que remova dois nomes de ruas que homenageiam nazistas e retire a cidadania de honra de um compositor vinculado ao ditador.

“É difícil de acreditar, mas na cidade natal de Hitler, um de seus familiares ainda é considerado ‘cidadão de honra'”, afirma Willi Mernyi, presidente do Comitê, em um comunicado.

Trata-se do compositor Josef Reiter (1862-1939), “nacional-socialista fervoroso e estreitamente vinculado ao Führer”.

Além disso, a associação manifestou sua indignação por Reiter também dar nome a uma rua, assim como outro “agitador nazista fanático que odiava os judeus”, Franz Resl.

É um “insulto às vítimas que deve acabar imediatamente”, acrescenta.

O Comitê Mauthausen é uma rede de resistência que surgiu no campo que tinha o mesmo nome, em 1944, e que ainda mantém o contato entre os sobreviventes organizando cerimônias de memória.

Procurado pela AFP, o município de Braunau am Inn, onde Adolf Hitler nasceu em 1889, não respondeu de imediato.

Em 2016, o governo austríaco comprou a casa em que Hitler nasceu nesta pequena cidade do norte, na fronteira com a Alemanha. Em outubro, começaram os trabalhos para transformá-la em uma delegacia, para evitar que se torne lugar de peregrinação neonazista.

A Áustria é regularmente alvo de críticas por seu trabalho de memória.

No início deste ano, um coletivo de autores solicitou que fossem reescritos cinco dos nove hinos regionais cujos autores ou compositores eram nazistas, mas sem alcançar um resultado favorável.

Durante muito tempo, o país dos Alpes se apresentou como vítima do nazismo, negando a cumplicidade de muitos austríacos. Foi apenas no final da década de 1980 que começou a rever sua responsabilidade no Holocausto.

No total, 65.000 judeus austríacos foram assassinados e 130.000 foram forçados ao exílio.

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