SÃO PAULO (Reuters) – O município de Lençóis Paulista, no interior do Estado de São Paulo, suspendeu a vacinação infantil contra a Covid-19 por sete dias na quarta-feira depois de uma criança de 10 anos sofrer uma parada cardíaca 12 horas depois de receber a versão pediátrica do imunizante da Pfizer contra o coronavírus, informou a prefeitura da cidade em nota, acrescentando que a criança está estável e consciente.

De acordo com a nota, apesar da decisão do comitê de combate à Covid na cidade, os pais que quiserem vacinar seus filhos poderão fazê-lo mesmo com a suspensão, desde que realizem agendamento.

“O comitê deixa claro que não existe dúvida sobre a importância da vacinação infantil, mas diante do ocorrido será dado esse prazo para o acompanhamento e monitoramento diário das 46 crianças lençoenses vacinadas até o momento. Além disso, esse prazo é necessário para aprofundamento sobre o caso de forma específica e envio de relatórios aos órgãos de controle federais e estaduais”, disse a prefeitura.

“A Secretaria de Saúde está solicitando autorização para acesso ao prontuário médico, uma vez que o atendimento ocorreu na rede privada”, acrescentou.

Também em nota, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo afirmou que o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) está acompanhando o caso e que, no momento, é precipitado e irresponsável atribuir o que ocorreu com a criança à vacinação.

“A Secretaria de Estado da Saúde destaca que todas as vacinas aprovadas pela Anvisa são seguras e eficazes, impactando diretamente na redução de casos graves e internações por Covid-19”, disse a pasta.

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“O CVE informa que todos os casos de eventos adversos são analisados por uma comissão de especialistas antes de qualquer confirmação. É, portanto, precipitado e irresponsável afirmar que o caso do município está associado à vacinação. Na maioria das vezes, os casos de eventos adversos pós-vacinação são coincidentes, sem qualquer relação causal com o imunizante.”

Procurada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que autorizou a vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos em dezembro e a quem cabe analisar eventuais casos adversos de medicamentos e vacinas para tomar as medidas correspondentes, não respondeu de imediato a um pedido de comentário.

Em nota, a Pfizer afirmou que o caso foi submetido à sua área de farmacovigilância, que já distribuiu mais de 2,6 bilhões de doses de sua vacina contra Covid para mais de 166 países em todo o mundo e que não houve alertas de segurança grave em relação à vacina.

Disse ainda que órgãos de vigilância do Brasil e do exterior apontaram que o benefício da vacina supera qualquer eventual risco.

“A companhia realiza habitualmente o acompanhamento de relatos de potenciais eventos adversos de seus produtos, mantendo sempre informadas as autoridades sanitárias brasileiras, de acordo com a regulamentação vigente”, afirmou.

“O imunizante demonstrou eficácia de 90,7% em estudo clínico desenvolvido especificamente para a faixa etária pediátrica (5 a 11 anos). Os ensaios de Fase 2/3 foram realizados em 2.268 crianças, nos Estados Unidos, Finlândia, Polônia e Espanha, e apresentaram respostas robustas na produção de anticorpos além de perfil de segurança favorável.”

(Reportagem de Eduardo Simões)

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