A cidade de Praia Grande, no sul de Santa Catarina, retomou os voos de balões na manhã desta quarta-feira, 2. A volta das viagens acontece após o incêndio em que equipamento que causou a morte de oito pessoas no dia 21 de junho.
O perfil no Instagram ‘Voe nos Canyons’ republicou o vídeo de Murilo Gonçalves, presidente da AVIBAQ (Associação de Pilotos e Empresas de Balonismo), afirmando que a retomada das atividades contam com novidades em termos de segurança, como checagens extras, instalação de dois extintores de incêndio em cada balão, o uso de rádios intercomunicadores e melhorias técnicas no manuseio dos equipamentos.
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A IstoÉ procurou a Prefeitura de Praia Grande (SC) para obter mais informações sobre os novos critérios de segurança, mas não houve resposta até o momento. O espaço permanece aberto.
Os voos de balão tinham sido interrompidos no dia seguinte ao acidente, devido ao luto oficial de cinco dias decretado pela administração municipal.
No primeiro momento, o prazo para a pausa nas atividades se encerraria no dia 27 de junho, mas um reunião entre empresários e as condições ruins do tempo estenderam o prazo até a segunda-feira, 30.
As regras para a prática do balonismo desportivo, atualmente, são de responsabilidade da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), ou seja, não há regras definidas para os voos transportando pessoas mediante cobrança de passagens.
Relembre o caso do acidente
As catarinenses Leane Elizabeth Herrmann e sua filha Leíse Herrmann Parizotto morreram na queda do balão. Leciane Herrmann Parizotto, também filha de Leane, sobreviveu ao acidente.
Natural de Ipira, Leane tinha 70 anos. Era formada em Administração e em Pedagogia e morava em Joaçaba. Leíse era médica e servidora pública na prefeitura de Blumenau. A prefeitura da cidade publicou uma nota lamentando a morte de Leíse.
Também morreu no acidente o diretor técnico da Federação Catarinense de Patinação Artística, Leandro Luzzi. “Leandro foi um profissional dedicado, apaixonado pela que fazia e um verdadeiro exemplo para atletas, colegas e toda a comunidade da patinação. Sua ausência deixará uma lacuna irreparável em nossos corações e em nossa modalidade”, diz nota divulgada pela federação.
Ainda está entre as vítimas o casal Everaldo da Rocha e Janaina Moreira Soares, moradores de Joinville. A paróquia São João Batista também publicou uma nota de pesar em que afirma que eles eram membros da comunidade. Outro casal que morreu no acidente foi Fábio Luiz Izycki e Juliane Jacinta Sawicki.
O médico oftalmologista Andre Gabriel de Melo, que vivia em Fraibugo (SC) também morreu na queda do balão.
Quem são os sobreviventes?
O piloto do balão e outros 12 ocupantes sobreviveram ao acidente:
- Elvis de Bem Crescêncio (piloto)
- Leciane Herrmann Parizotto
- Thayse Elaine Broedbeck Batista
- Marcel Cunha Batista
- Claudia Abreu
- Rodrigo de Abreu
- Victor Hugo Mondini Correa
- Laís Campos Paes
- Tassiane Francine Alvarenga
- Sabrina Patrício de Souza
- Fernando da Silva Veronezi
- Leonardo Soares Rocha
- Luana da Rocha
Operações da empresa são suspensas
A Sobrevoar Serviços Turísticos, empresa responsável pelo balão que caiu em Praia Grande (SC), na manhã deste sábado, 21, suspendeu por tempo indeterminado suas operações “em respeito às vítimas, seus familiares e à comunidade”.
A empresa diz cumprir todas as normas estabelecidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e não ter registro anterior de acidentes.
“Infelizmente, mesmo com todas as precauções necessárias e com o esforço do nosso piloto, que possui ampla experiência e adotou todos os procedimentos indicados tentando salvar todos os que estavam à bordo do balão, sofremos com a dor causada por essa tragédia”, afirma a Sobrevoar em nota.
Caso é investigado
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) informou que irá apurar as circunstâncias do acidente. A procuradora-geral de Justiça, Vanessa Wendhausen Cavallazzi, destacou que o Ministério irá atuar nos desdobramentos tanto na esfera criminal quanto cível.
O que diz a Anac
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) emitiu comunicado na tarde deste sábado, 21, no qual disse que, por serem atividades de alto risco por sua natureza e características, voos de balão ocorrem “por conta e risco dos envolvidos”. O pronunciamento ocorre após um acidente em Praia Grande (SC), no qual oito pessoas morreram após o balão pegar fogo em pleno voo.
Segundo a agência, o balonismo como atividade aerodesportiva é permitido. As aeronaves usadas para essa prática, porém, não são registradas e nem certificadas. Também não têm “garantia de aeronavegabilidade” e não há habilitação técnica para os pilotos.
Governo quer regular atividade
O Ministério do Turismo disse esperar avanços significativos em torno da regulamentação do balonismo para fins turísticos “já na próxima semana em decorrência de uma reunião com as entidades envolvidas” no debate.
Segundo o Ministério do Turismo, “o objetivo é que o País já possua uma regulamentação específica e clara para a operação de voos de balão em atividades turísticas, visando garantir a segurança dos praticantes e impulsionar o desenvolvimento desse segmento no Brasil”.
Ainda segundo a nota, o ministério diz atuar “em parceria com o Sebrae e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para regulamentação do balonismo para fins turísticos no Brasil”.
No início do mês, a Secretária de Políticas de Turismo do Ministério do Turismo (MTur), Cristiane Leal Sampaio, havia criticado a lacuna na lei, que não é explícita sobre o uso de balões para o turismo.
*Com informações do Estadão Conteúdo, Agência Brasil e AFP