O Estádio da Rua Javari, na Mooca, terá grama sintética. O Juventus, que teve seu futebol transformado em SAF neste ano, conseguiu aprovação para fazer a troca.
O motivo para ser necessária uma aprovação é o fato de o local ser tombado como patrimônio histórico pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). O órgão aprovou a troca da grama em reunião nesta segunda-feira.
O tombamento dizia que deveriam ser preservados “volumetria, dimensões e tipo de forração vegetal”. a redação agora é “volumetria, dimensões e tipo de forração vegetal ou sintética”
Desde 2011, o Estádio da Rua Javari é utilizado apenas para jogos oficiais, uma exigência da Federação Paulista de Futebol (FPF) para preservação do campo. Pouco antes, o local passou por uma troca no gramado, recebendo a grama do antigo Palestra Itália, que se tornou o Allianz Parque.
O projeto de grama sintética do Estádio da Rua Javari é feito pela Soccer Grass, empresa responsável pelo gramado atual do estádio do Palmeiras. No Allianz, o piso foi reformado em 2024, mas já é estudada uma troca, com a atual fornecedora ainda no páreo.
O campo total do Juventus (além das quatro linhas) terá 105 x 68 metros, totalizando 8.176 m². O gramado terá um sistema eletrônico de irrigação para controle da temperatura do sintético, limpeza e dissipação de carga estática. Diferente da grama natural, o piso artificial precisa da irrigação apenas em dias de jogos.
Os tipos de gramados têm sido motivos de polêmicas no futebol brasileiro. Recentemente, o Flamengo enviou à CBF dez propostas para o aprimoramento das práticas de governança e sustentabilidade no futebol brasileiro. Entre elas, o fim do gramado sintético.
Segundo o clube, o campo artificial afeta a condição física dos jogadores e também gera uma disparidade nas finanças em relação aos custos de manutenção na comparação com times que optam por usar a grama natural.
Neymar, Lucas Moura e Thiago Silva lideraram, no início do ano, um movimento contra o gramado sintético no País. Eles foram os responsáveis por uma articulação que resultou em uma campanha divulgada nas redes sociais para que as partidas não mais sejam disputadas em pisos artificiais.
JUVENTUS ENCARA DÍVIDA DE R$ 5 MILHÕES POR NÃO FAZER OBRAS DE MANUTENÇÃO
A vitória no Conpresp contrasta com a recente sanção recebida pelo clube. Em 2022, três anos após o tombamento, a prefeitura de São Paulo repassou R$ 2,3 milhões para que o clube fizesse obras de reforma e manutenção. Os serviços nunca foram feitos, e a verba foi usada para pagar dirigentes.
Uma dívida de R$ 5,3 milhões caiu sobre a agremiação. Um boletim de ocorrência foi registrado pelo clube na 4ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Lavagem ou Ocultação de Bens e Valores.
A situação atual, na prática, inviabiliza o projeto da SAF para uma arena, até que o valor seja quitado ou haja um acordo. Além disso, é preciso que quem for executar o projeto pague a outorga onerosa (valor que autoriza construir acima do limite), estimada em R$ 19.798.393,77 pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Planejamento, no caso do Estádio Conde Rodolfo Crespi.
Por outro lado, os serviços de reparo, conservação ou manutenção podem ser feitos ainda antes do pagamento, conforme informou ao Estadão a Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa. Com a autorização do Conpresp, as trocas da grama e do sistema de drenagem também podem ser feitas.