As Forças Armadas brasileiras, notadamente o Exército, eram tidas, ou tido, como a mais confiável instituição do País. Merecidamente, ou não, esse é o fato, ou era, porque a confusão – no sentido de misturar, fundir – criada a partir do (des)governo Bolsonaro entre Estado e militares, levou à corrosão da imagem da categoria.

O patriarca do clã das rachadinhas e mansões milionárias, compradas com panetones de chocolate e muito dinheiro vivo, usou e abusou do aparelhamento do Estado em favor de seus antigos pares (sim, antigos, porque Bolsonaro, lembremos, não é militar, ao contrário, foi preso enquanto servia e ‘convidado” a se retirar).

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Tal aparelhamento se deu na ordem de até 5 mil militares em postos de confiança no governo federal. Inclusive, como esquecer?, um ministro da Saúde, General Pazuello, hoje deputado federal pelo Rio de Janeiro, que auxiliou o ex-presidente na sociedade mortal ao novo coronavírus, ceifando a vida de mais de 700 mil brasileiros.

Os casos de humilhação pública de oficiais por Jair Bolsonaro foram correntes: Santo Cruz, Otávio Barros, Fernando Azevedo e Silva, Edson Pujol, Maynard Santa Rosa, Franklimberg Freitas, Juarez Cunha e o próprio ex-vice-presidente Hamilton Mourão, o que ajudou a corroer ainda mais a imagem dos militares junto à população.

Encontram-se presos, atualmente, dois militares, umbilicalmente ligados a Bolso pai e Bolso filhos. O coronel e ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, e o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasquez. Ambos estão em situação bastante delicada por, entre outros supostos crimes, atuarem contra o Estado Democrático de Direito.

Cid, então, carrega contra si, a adulteração do cartão de vacinas – seu e de familiares – e a tentativa de liberação das joias contrabandeadas dos Emirados Árabes. Para piorar, e-mails trocados entre ele e uma vendedora de relógios de luxo dos Estados Unidos mostram a tentativa de venda de um Rolex, avaliado em cerca de 60 mil dólares, pertencente à União.

Hoje, sexta-feira (11/8), seu pai, General Mauro Cesar Lourena Cid, foi alvo de busca e apreensão ao lado do advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, suspeito de desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, para venda desses itens no exterior.

Estamos ainda em agosto, pouco mais de 7 meses após o término do (des)governo bolsonarista, e a “honestidade” dos patriotas fardados começa vir à tona. Sem contar, é claro, nos escândalos já esquecidos pela população de pouca memória: superfaturamento de chicletes, cerveja, picanha e leite condensado. Pobre, Duque de Caxias. Nem descansar em paz lhe é permitido.