O Comitê Rio-2016 apresentou “provas” ao Comitê Olímpico Internacional (COI) de que o vírus da zika não será uma ameaça à saúde pública e disse que não se justifica um adiamento ou cancelamento dos Jogos Olímpicos. Mas o anúncio foi ofuscado pela desistência do primeiro atleta norte-americano por conta do vírus.

Momentos depois de Carlos Arthur Nuzman dar as garantias da queda na incidência de dengue no período de inverno no Brasil, a equipe de ciclismo dos EUA anunciou que um de seus atletas, Tejay van Garderen, se retirou da lista para o Rio. O motivo seria o risco do zika para sua esposa grávida. Ele já havia competido em Londres, em 2012, e era uma das esperança de medalha da equipe. O vice-presidente do COI, John Coates, afirmou ao Estado de S. Paulo que também recomendou a duas funcionárias grávidas do Comitê Olímpico Australiano que não fossem ao Rio.

Mark Adams, porta-voz do COI, preferiu não comentar o caso específico do ciclista. Mas sugeriu que atletas e estrangeiros sigam as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além das “provas” apresentadas, os brasileiros anunciaram que iniciarão uma campanha para informar ao mundo sobre a inexistência do risco e, no encontro com o COI, usaram ainda declarações de Neymar, Rafael Nadal, Usain Bolt e outros astros para insistir que não existe risco.

Nas últimas semanas, o Rio-2016 e o COI passaram a ser pressionados por cientistas e por um grupo de atletas questionando o evento no Brasil diante do zika. “Vamos aumentar a informação”, admitiu Nuzman, que aproveitou para agradecer aos atletas que deram declarações favoráveis aos eventos. “Esses heróis apoiaram o fato de que não existe risco. Mas entendemos que precisamos explicar mais”, disse o brasileiro.

Nuzman, numa coletiva de imprensa em Lausanne, insistiu que “não há risco à saúde pública com o zika” e repetiu a frase em duas ocasiões. A versão contradiz a mensagem passada pela OMS de que o vírus é uma ameaça global. Questionado pela reportagem sobre a declaração, o Comitê Rio-2016 ponderou que ela se referia ao fato de que o risco não justificaria o cancelamento dos Jogos.

Na OMS, a entidade explicou que, ainda que seja um risco, o vírus não será impedido de circular pelo mundo apenas por conta de um cancelamento dos Jogos no Rio e que o impacto seria “limitado”. A manutenção dos Jogos, na avaliação da OMS, não se dá por conta da ausência do risco, mas sim porque a transmissão pode continuar, mesmo com o evento cancelado.

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O Comitê Rio-2016 ainda garantiu que, em 44 eventos-teste com 7 mil atletas, nenhum caso de zika foi registrado. A OMS, porém, alerta que a maioria dos casos ocorre sem sintomas e, nesta semana, orientou casais a evitarem uma gravidez por dois meses após estarem em um local de surto, mesmo que não desenvolvam sinais da doença.

O risco, segundo a OMS, é de que crianças sofram má-formação, com mães que foram infectadas e sequer sabiam que haviam tido o vírus.


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