Chuvas atrapalham resgate após enchentes trágicas na África do Sul

Chuvas atrapalham resgate após enchentes trágicas na África do Sul

As novas chuvas que caíram na manhã deste sábado (16) na África do Sul escureceram o céu e diminuíram as esperanças de progresso nos esforços de resgate após as trágicas inundações que deixaram quase 400 mortos e dezenas de desabrigados.

As operações de resgate ainda estão ativas, disse um dos socorristas à AFP.

“Vamos nos concentrar em emergências médicas”, explicou Garrith Jamieson, diretor das equipes.

A maior parte das vítimas das chuvas que começaram no fim de semana passado concentrou-se na região em torno de Durban, cidade portuária da província de KwaZulu-Natal (KZN), voltada para o Oceano Índico.

Ainda há dezenas de pessoas desaparecidas. O exército mobilizou seus helicópteros e mais de 4.000 policiais estão no local. No entanto, no 6º dia desde o início da catástrofe, as esperanças de encontrar sobreviventes são escassas.

“Hoje chove desde de manhã em algumas partes da região. Embora não seja tão forte como nos últimos dias, pois o solo já está saturado de água, pode haver muitas outras inundações”, disse Puseletso Mofokeng, do Instituto Nacional de Meteorologia.

As fortes chuvas arrastaram pedaços inteiras de estradas e várias infraestruturas desabaram.

A operadora de transportes públicos tenta recuperar os eixos principais e a prioridade é reconstruir as pontes que deixaram isoladas algumas zonas da cidade de mais de 3,5 milhões de habitantes.

– Algo nunca visto –

Quase 4.000 casas foram destruídas e mais de 13.500 pessoas ficaram desabrigadas.

As autoridades organizaram abrigos de emergência, mas faltam lugares e há pessoas dormindo em cadeiras ou em folhas de papelão no chão.

Em algumas áreas, a eletricidade e a água foram cortadas desde segunda-feira e há pessoas desesperadas tirando água de canos quebrados. Outros denunciam que seus poucos suprimentos estão podres.

O presidente Cyril Ramaphosa descreveu a tragédia como algo “nunca visto” no país e declarou estado de catástrofe.

As ONGs se mobilizaram com distribuição de alimentos e longas filas se formaram para conseguir um saco de arroz, macarrão e também garrafas de água e colchões.

No dia anterior, um grupo de voluntários começou a limpar as praias, que costumam estar cheias de famílias e turistas.

As chuvas também atingiram a província vizinha de Eastern Cape e houve inundações na área da cidade costeira de Port St Johns.

A ONG local Gift of the Givers registrou quatro mortes.

“O corpo de uma criança foi encontrado ontem”, disse Corene Conradie, coordenador desta província, à AFP. “Há inúmeras casas destruídas e pelo menos uma centena de famílias estão atualmente desabrigadas”, disse ele.

A África do Sul geralmente escapa das tempestades que atingem países vizinhos como Moçambique e Madagascar todos os anos durante a temporada de ciclones, de novembro a abril.