16/04/2022 - 7:41
As novas chuvas que caíram na manhã deste sábado (16) na África do Sul escureceram o céu e diminuíram as esperanças de progresso nos esforços de resgate após as trágicas inundações que deixaram quase 400 mortos e dezenas de desabrigados.
As operações de resgate ainda estão ativas, disse um dos socorristas à AFP.
“Vamos nos concentrar em emergências médicas”, explicou Garrith Jamieson, diretor das equipes.
A maior parte das vítimas das chuvas que começaram no fim de semana passado concentrou-se na região em torno de Durban, cidade portuária da província de KwaZulu-Natal (KZN), voltada para o Oceano Índico.
Ainda há dezenas de pessoas desaparecidas. O exército mobilizou seus helicópteros e mais de 4.000 policiais estão no local. No entanto, no 6º dia desde o início da catástrofe, as esperanças de encontrar sobreviventes são escassas.
“Hoje chove desde de manhã em algumas partes da região. Embora não seja tão forte como nos últimos dias, pois o solo já está saturado de água, pode haver muitas outras inundações”, disse Puseletso Mofokeng, do Instituto Nacional de Meteorologia.
As fortes chuvas arrastaram pedaços inteiras de estradas e várias infraestruturas desabaram.
A operadora de transportes públicos tenta recuperar os eixos principais e a prioridade é reconstruir as pontes que deixaram isoladas algumas zonas da cidade de mais de 3,5 milhões de habitantes.
– Algo nunca visto –
Quase 4.000 casas foram destruídas e mais de 13.500 pessoas ficaram desabrigadas.
As autoridades organizaram abrigos de emergência, mas faltam lugares e há pessoas dormindo em cadeiras ou em folhas de papelão no chão.
Em algumas áreas, a eletricidade e a água foram cortadas desde segunda-feira e há pessoas desesperadas tirando água de canos quebrados. Outros denunciam que seus poucos suprimentos estão podres.
O presidente Cyril Ramaphosa descreveu a tragédia como algo “nunca visto” no país e declarou estado de catástrofe.
As ONGs se mobilizaram com distribuição de alimentos e longas filas se formaram para conseguir um saco de arroz, macarrão e também garrafas de água e colchões.
No dia anterior, um grupo de voluntários começou a limpar as praias, que costumam estar cheias de famílias e turistas.
As chuvas também atingiram a província vizinha de Eastern Cape e houve inundações na área da cidade costeira de Port St Johns.
A ONG local Gift of the Givers registrou quatro mortes.
“O corpo de uma criança foi encontrado ontem”, disse Corene Conradie, coordenador desta província, à AFP. “Há inúmeras casas destruídas e pelo menos uma centena de famílias estão atualmente desabrigadas”, disse ele.
A África do Sul geralmente escapa das tempestades que atingem países vizinhos como Moçambique e Madagascar todos os anos durante a temporada de ciclones, de novembro a abril.