Após o temporal que atingiu o Vale do Itajaí, em Santa Catarina, moradores buscam desaparecidos e limpam a cidade mais atingida pela forte chuva na região entre quarta-feira (16) e quinta-feira (17).

Uma das vítimas atingidas pela chuva, a grávida Ane Danielle dos Reis, perdeu a casa onde morava com a família na cidade. Agora, está abrigada em um dos dois locais abertos na cidade para receber moradores que também perderam tudo.

“A chuva antes dessa não deu enchente. Aí, quando foi quarta, ficamos ‘tudo calmo’ pensando ser a mesma coisa, só aquela chuva forte. Só que foi num piscar de olhos, a água invadiu a casa e foi tão ligeiro que quando eu saí, a água estava passando de mim e eu tive que ser carregada. Perdemos tudo, foi tudo por água abaixo, tá só uma lama lá em casa”, disse ela.

Já Dorita Wiese, de 55 anos, perdeu cinco pessoas da família. Outras quatro, entre elas o filho de 28 anos, seguem desaparecidas. “Um pedaço de mim foi embora. Nenhuma mãe deveria perder um filho. Ele era tudo na vida da gente. Trabalhador, queria terminar a casa e ter filhos. Dava banho no pai todos os dias, que é acamado”, revelou ela.

Outra pessoa que sofreu com a forte chuva foi o empresário Jean Marcos Jahz. Ele ficou isolado por mais de seis horas no bairro Revólver, o mais atingido na cidade. “É muita barreira perdida, é rio, estrada, não existe mais nada. A gente não fazia ideia do que poderia fazer e, com o resto de bateria de celular, pedimos ajuda para familiares e bombeiro e polícia, onde fomos resgatados agora”, falou ele. 

Com o resultado do temporal, Lúcia Sardagna, de 57 anos, precisou subir no sótão com o filho adolescente e o marido para escapar da inundação que passou de um metro. “Era meia-noite mais ou menos. A gente já teve enchente, mas nunca encheu tão rápido quanto nessa noite. Ouvi um barulho, olhei pela porta e a água já estava ali. Aqui em cima [no sótão] ouvi os gritos das pessoas. Parecia que elas estavam indo com a água. Foi um desespero sem fim. Nunca vi isso na minha vida”, contou a moradora.

Na última quinta-feira (17), o prefeito da cidade assinou um decreto de estado de calamidade pública. “O cenário é desolação, destruição, coisa jamais vista. Arrastou casas, muros. Árvores estão espalhadas, levou casa inteira. É um cenário muito preocupante”, afirmou ele.