Abigail Beck, de 15 anos, foi diagnosticada em abril deste ano com urticária aquagênica, uma alergia rara à água que apenas 100 pessoas ao redor do mundo possuem. Por conta da sua condição, a norte-americana, que reside no Arizona (EUA), não consegue chorar, tomar banho ou beber água. As informações são do UOL.
Antes de procurar ajuda médica, Abigail sofreu durante três anos com os sintomas. Para a adolescente, lágrimas se parecem com ácido e tomar banho dói.
Antes, ela achava que sentir dor por causa da água era normal e até perguntou à sua mãe se ela sentia a mesma coisa. “Perguntei recentemente se ela se lembra quando perguntei isso e por que ela não achou que algo estava errado. Ela disse que achava que era algo que uma criança diria”, disse em entrevista ao jornal norte-americano New York Post.
“Eu vomito se bebo água, meu peito dói muito e meu coração começa a bater muito rápido.”
Para não se desidratar, a adolescente recorreu a comprimidos destinados a isso ou outras coisas que “não vão tanta água assim”, como energéticos e suco de romã puro.
“Tenho que verificar os rótulos, mas tudo neste mundo tem água”, disse Abigail.
Ela relatou que no banho a reação é um pouco mais leve. “Quando tomo banho, começa bem leve, depois fico com uma erupção cutânea e vergões vermelhos, depois se desenvolve uma urticária. Quando eu saio, a reação realmente começa a acontecer. Eu tenho que secar o mais rápido possível. Eu tenho que deixar a água correr e sair da água enquanto lavo meu cabelo.”
A adolescente reclamou da falta de informação sobre a condição rara. “Tenho sintomas que podem fazer meu coração parar, mas ninguém sabe nada sobre a condição, então eles não sabem se meu coração ou pulmões podem parar de funcionar”, disse.
“Eu tive que educar meus médicos sobre minha condição porque eles nunca tiveram que lidar com isso antes”, completou.
Abigail relatou que chorar é “uma das piores partes”, pois sente o seu rosto queimar. “Eu choro como uma pessoa normal, e isso dói.”
A adolescente afirmou que suor e chuva também machucam. “Se estiver chovendo, eu provavelmente não sairia, mas se for preciso, me certifico de estar totalmente coberta com uma jaqueta e três pares de calças de moletom.”
Apesar das dificuldades, Abigail está montando um plano junto com um alergista para quando estiver na escola.
“Tenho medo de que, se um dia sair do controle, ninguém saberá o que fazer, inclusive eu. Eu nem sei como me ajudar. Tento me manter de bom humor e sei que, se algo acontecer, as pessoas ao meu redor farão o melhor que puderem.”
Agora, a adolescente também procura por outras pessoas que tenham a mesma condição que ela para ajudá-las.
“Fica realmente frustrante. As pessoas me pedem para explicar como funciona e eu posso, mas não posso explicar por que isso acontece porque ninguém sabe ou entende. Quando digo às pessoas que sou alérgica à água, as pessoas pensam que é absolutamente ridículo e muitas pessoas ficam chocadas com isso. As pessoas sempre apontam que nossos corpos são feitos de água”, finalizou.