SpaceX e Google anunciaram uma parceria para explorar a internet via satélite. Em jogo está mais do que o desenvolvimento tecnológico e a exploração espacial: a colaboração une duas empresas que podem fazer frente à Amazon, líder no armazenamento de dados. Também esquenta a disputa entre os bilionários Elon Musk, da SpaceX, e Jeff Bezos, fundador da Amazon e da Blue Origin, empresa focada na exploração espacial. Com dois empresários tão egocêntricos, não dá para imaginar que a briga corporativa foi apenas uma coincidência na estratégia de negócios. Os dois trazem para a nuvem a guerra que estava no espaço – é parte da busca por fatias de todas as principais áreas da tecnologia.

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Sempre irônico nas redes sociais, Musk fez uma brincadeira de conatação sexual para provocar Bezos. Disse que o foguete do CEO da Amazon “não sobe mais”. O desaforo de Musk foi incentivado pela confiança adquirida com a certificação da Nasa e apoio da Microsoft na condução da computação remota das naves. Enquanto isso, Bezos ainda não tem nenhum satélite em órbita, além de sua nave estar com o lançamento atrasado. Por sua vez, a SpaceX tem mais de 1.500 satélites em atividade na rede Starlink. Outra vitória bastante comemorada por Musk: o sul-africano tem conseguido alto financiamento dos órgãos americanos para suas fantasias – foram US$ 10 bilhões em apenas uma licitação do Pentágono. É o mesmo valor anunciado por Bezos para a implantação dos satélites Kuiper.

Na vida real, esses bilhões de dólares em jogo não deixam muito espaço para brincadeiras. O brasileiro Marcos Farias, CEO da Arki1, acredita que a parceria entre Google e SpaceX irá “extrapolar o mercado de tecnologia” e que as duas podem, juntas, superar a hegemonia da Amazon no mercado de nuvem de dados. “Não tenho dúvida que a associação entre empresas tão visionárias quanto Google e SpaceX pode mudar o mercado”, afirma Farias. Apesar das evidências, há quem prefira não apostar todas as fichas em Musk. O CEO da Wevo, Diogo Lupinari, lembra que acordos deste porte vão acontecer cada vez mais e que a “Amazon foi a empresa que conseguiu praticar essa sinergia de alcance e velocidade nos últimos anos”, diz Lupinari.

Do ponto de vista técnico, o Google informou que as empresas fornecerão “conectividade perfeita” para a nuvem por meio da “constelação de satélites de baixa órbita terrestre”. Outro ponto destacado é a implantação de estações terrestres da Starlink nas propriedades da Google. O CEO do Google, o indiano Sundar Pichai, é conhecido por investir nos projetos de Elon Musk e pode ser o fiel da balança nessa disputa. Pichai já disse admirar o espírito arrojado de Musk.