09/03/2023 - 8:04
A chinesa Great Wall Motor (GWM) iniciou negociações com fabricantes de autopeças do Brasil para o fornecimento de itens eletrônicos para sistemas de motor elétrico, de conexão, freios regenerativos (que recuperam energia da frenagem) e outros componentes mais complexos para não depender só de importações.
Peças mais comuns, como estamparia e pneus, já estão garantidas, pois o País dispõe de grande parque produtivo, embora a montadora ainda não tenha fechado contrato com nenhum fornecedor.
O grupo vai produzir apenas carros elétricos e híbridos plug-in (de recarregamento na tomada) e convencionais nas instalações que comprou da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) em 2021, depois que a companhia alemã decidiu interromper a produção de automóveis no Brasil.
A fábrica passa por adaptações para fabricar os modelos eletrificados e entrará em operação no primeiro semestre de 2024. Nessa primeira fase, vai produzir uma picape e um utilitário-esportivo, mas com praticamente 100% das peças importadas. A nacionalização deverá se intensificar após dois anos, informa o diretor de relações institucionais e governamentais da empresa no Brasil, Ricardo Bastos.
“Queremos ter fornecedores locais para a maior parte dos componentes, incluindo os mais tecnológicos, pois as peças mais comuns sabemos que têm aqui”, afirma Bastos.
Segundo ele, a GWM tem produção própria de várias peças, mas só pretende importar as que realmente não tiverem condições de produção local. O processo de busca de fornecedores será conduzido pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).
Flex para exportação
Com plano de investimentos de R$ 10 bilhões(por volta de R$ 52 bilhões) no País, sendo R$ 4 bilhões (R$ 20,5 bilhões) até 2025 e o restante até 2032, a GWM desenvolveu na China, com ajuda de profissionais brasileiros, a tecnologia flex que vai equipar modelos híbridos e híbridos plug-in de produção nacional.
“Só o Brasil terá carros flex da marca e, se outro país quiser essa tecnologia, como a Índia, nós que vamos fornecer”, afirma Bastos. Futuramente, o grupo também deve exportar veículos feitos no País para a América Latina.
Pré-venda
A GWM iniciou a pré-venda de três versões do SUV Haval H6, os primeiros importados da marca. O H6 Premium, com propulsão híbrida (eletricidade e gasolina) sem opção de carregamento na tomada, custa R$ 209 mil, preço que o coloca na mesma faixa de preço de automóveis como o Corolla Cross, SUV derivado do sedã Corolla, que tem sistema híbrido flex. Já o híbrido plug-in da GMW sai por R$ 269 mil enquanto o H6 GT, mais esportivo, custa R$ 299 mil.
Tecnologia
Responsável pela área comercial da GWM, Oswaldo Ramos ressalta que os modelos eletrificados da marca chegam ao Brasil com elevado índice tecnológico, incluindo itens de auxílio ao motorista na condução. É o caso das cinco câmeras com nove modos de visualização, dos 12 sensores e dos comandos de voz em português. O Haval H6 dispõe de sistemas de centralização em faixas, de frenagem automática para pedestres, de ajuste de velocidade ao ritmo do trânsito (freia sozinho se o carro da frente diminuir a velocidade) e de reconhecimento de placas de trânsito, entre outros.
Concessionários
O grupo está formando sua rede de concessionárias, mas terá um sistema de entrega em domicílio em todo o País. “Cada modelo da marca terá preço único – ou seja, o consumidor não terá de passar pela situação de negociar descontos -, as vendas serão diretas (da empresa para o consumidor) e os concessionários prestarão os serviços.”
A fabricante também vai importar – e futuramente produzir localmente – carros 100% elétricos. O grupo, segundo Bastos, defende que o Imposto sobre Importação (II) de modelos elétricos continue zerado por mais tempo, até que a tecnologia esteja mais difundida no Brasil.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) defende que seja determinado um prazo de transição, em que o imposto volte a ser cobrado gradativamente para não afugentar investimentos na produção local. Carros importados a combustão recolhem atualmente 35% de II.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.