Enes Kanter, atual pivô do Boston Celtics, irritou muita gente importante ao manifestar apoio ao movimento “Free Tibet” em publicações nesta semana. Após os posts, o governo da China resolveu retrucar com uma jogada que pode afetar não só Kanter, como os Celtics e até a NBA. Isso porque o grupo de tecnologia estatal Tecent resolveu suspender a veiculação de jogos e lances do time de Boston de suas plataformas.

O pivô turco postou um vídeo em seu Twitter chamando o presidente da China, Xi Jinping, de “ditador brutal”, alegando que o governo chinês está “apagando a identidade e cultura tibetana”. Em seguido, Kanter revelou os tênis que usaria na partida de estreia dos Celtics na temporada contra o New York Knicks, especialmente desenhados com mensagens de apoio ao movimento de libertação do Tibete.

É importante ressaltar que o Tibete é tido oficialmente como um território autônomo da China, mas o autoritarismo do governo chinês sobre questões étnicas e sociais no país do norte da Ásia tem sido historicamente criticado por movimentos a favor dos direitos humanos.

Além disso, não é a primeira vez que a China age de forma hostil diante de falas e posicionamentos de personalidades da NBA. Em 2019, o general manager Daryl Morey, na época pelo Houston Rockets, manifestou apoio nas redes sociais aos protestos pró-democráticos em Hong Kong, outro país atrelado ao governo chinês.

Em resposta, a China também baniu conteúdo de jogos do time de Houston do canal CCTV, esperando um posicionamento oficial da liga. Especula-se que os conteúdos do Philadelphia 76ers, equipe na qual Morey trabalha no momento, não têm sido transmitidos pela Tecent.

HISTÓRICO DE ATIVISMO – Enes Kanter nunca escondeu seu posicionamento diante de suas ideologias e questões políticas. O jogador de 29 anos é nascido na Suíça, porém de família de origem da Turquia, e já demonstrou em diversas ocasiões suas visões opostas ao governante turco, Recep Tayyip Erdogan.

O atleta é tido como um “terrorista” pelas autoridades locais e está proibido de entrar na Turquia ou defender a seleção de basquete do país. Por esse motivo, Kanter não vê muitos de seus familiares desde 2015. Recentemente, o pivô publicou uma carta que recebeu indicando 10 pedidos oficiais de prisão emitidos pelo regime de Erdogan nos últimos quatro anos.