A China iniciou nesta segunda-feira, 29, exercícios militares de grande escala em torno de Taiwan, incluindo disparos com fogo real e simulações de bloqueio dos principais portos da ilha. A nova demonstração de força ocorre após Pequim demonstrar irritação com a aprovação de um pacote bilionário de venda de armas a Taipei pelos Estados Unidos, o principal aliado de segurança da ilha.
Segundo fontes militares chinesas, as ações incluíram ataques contra alvos terrestres e marítimos. Descritos como “uma ação legítima e necessária para salvaguardar a soberania e a unidade nacional”, os exercícios envolveram destróieres, fragatas, caças, bombardeiros e drones.
Ações contra a “interferência externa”
As recentes manobras – as maiores desde abril – fazem parte da operação “Missão Justiça-2025”, apresentada pelas autoridades chinesas como um “sério aviso” aos movimentos separatistas e contra a interferência de potências estrangeiras.
Nesta segunda, Pequim advertiu que “forças externas” que armam Taipei “empurrariam o Estreito de Taiwan para uma situação perigosa de guerra iminente”, mas não citou nenhum país diretamente pelo nome. Qualquer tentativa de impedir a reunificação da China com Taiwan está “condenada ao fracasso”, alertou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lin Jian.
As manobras ocorrem em meio a tensões crescentes entre China e Estados Unidos, após Washington aprovar um pacote de venda de armas para Taiwan avaliado em mais de US$ 10 bilhões. Pequim respondeu com sanções contra 20 empresas de defesa norte-americanas. Também houve atrito com o Japão, depois que a primeira-ministra Sanae Takaichi sugeriu que Tóquio poderia reagir militarmente caso a China atacasse Taiwan.
Resposta rápida de Taiwan
Taiwan condenou o que chamou de “desrespeito às normas internacionais e uso de intimidação militar para ameaçar países vizinhos. O governo afirmou ainda que detectou quatro navios da guarda costeira chinesa navegando próximos às suas costas norte e leste. Em resposta, a guarda costeira taiwanesa deslocou grandes embarcações para áreas estratégicas e enviou unidades de apoio adicionais.
O Ministério da Defesa anunciou também a criação de um centro de resposta, o envio de forças militares e a realização de exercícios rápidos. “As manobras do Partido Comunista Chinês confirmam sua natureza agressora e o tornam o maior destruidor da paz”, declarou a pasta.
Taiwan é governada de forma autônoma desde 1949, mas Pequim considera a ilha parte inalienável do seu território e não descarta o uso da força para promover a reunificação. O governo taiwanês rejeita essa posição e conta com apoio militar dos Estados Unidos, que mantêm compromisso legal de ajudar na defesa da ilha.
(AFP, AP, Lusa)