China responde e fecha consulado dos EUA em Chengdu

PEQUIM, 24 JUL (ANSA) – A China ordenou nesta sexta-feira (24) o fechamento do consulado dos Estados Unidos em Chengdu como retaliação a mesma ação norte-americana contra sua representação diplomática em Houston, ocorrida há três dias.   

Segundo nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, o governo “decidiu revogar a licença pra a instituição e funcionamento do consulado […] e apresentar os requisitos específicos para que o consulado pare todas as suas atividades”.   

O comunicado ainda afirma que Washington “provocou unilateralmente o incidente, pedindo que a China fechasse de repente o consulado geral de Houston, em uma grave violação do direito internacional e das normas de base das relações internacionais e das disposições pertinentes do tratado consular sino-americano, danificando gravemente as relações”.   

Pequim ainda pede que o governo norte-americano reveja sua decisão sobre Houston, que classificam como “errada”, e que “crie condições” para normalizar as relações bilaterais no campo diplomático. Caso não haja mudança, os norte-americanos terão 72 horas para fechar a representação.   

Na terça-feira, o Departamento de Estado norte-americano anunciou o fechamento do consulado em Houston como forma de “proteger a propriedade intelectual norte-americana e as informações privadas”.   

O caso ocorreu após testemunhas verem funcionários do local queimando papéis. Os bombeiros chegaram ao prédio, mas foram impedidos de entrar para controlar o fogo.   

Um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, justificou a escolha pelo consulado de Chengdu porque ali “eram realizadas atividades incompatíveis com seu status diplomático, interferindo nos assuntos internos da China e danificando os seus interesses de segurança”.   

Apesar de não especificar as “atividades incompatíveis”, a mídia chinesa afirma que os funcionários estavam recolhendo dados sigilosos sobre a situação política no Tibete, uma região altamente sensível para Pequim, e sobre estruturas de defesa e armamentos presentes em Sichuan e nas regiões vizinhas.   

O fechamento dos consulados é mais um episódio no aumento da tensão entre os dois países nos últimos meses.   

Foram inúmeras as sanções aplicadas de lado a lado durante o ano, como nas crises que envolvem a aprovação da lei de segurança nacional de Hong Kong, as questões humanitárias contra a minoria uigur em Xinjiang, a briga com a multinacional chinesa Huawei no desenvolvimento do 5G e as acusações sobre roubo de propriedade intelectual na produção da vacina contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2). (ANSA)