A China remodelou, nesta segunda-feira (19) sua equipe econômica para tentar controlar sua dívida e enfrentar os riscos financeiros sem comprometer seu modelo de crescimento.

O poder chinês nomeou um importante aliado do presidente Xi Jinping como vice-primeiro-ministro, e também escolheu um novo diretor para o banco central.

Liu He, de 66 anos, influente assessor econômico de Xi, será um dos quatro vice-primeiros-ministros, após ser eleito pela Assembleia Nacional Popular (ANP), a câmara legislativa do regime.

A nomeação já esperada confirma seu papel de diretor econômico do gigante asiático. “É o novo czar da economia chinesa”, garante Larry Hu, analista do banco Macquarie.

O discreto Liu He é considerado o principal arquiteto do “reajuste econômico” dos últimos anos na China para promover o consumo interno, serviços e inovação. Também são atribuídos a ele os esforços para controlar o aumento da dívida.

Liu, economista formado em Harvard, tornou-se conhecido nos últimos meses. No início de março, ele viajou para Washington para resolver os atuais desacordos comerciais com os Estados Unidos, uma questão espinhosa que pode ser tratada a partir de agora.

A ANP também nomeou Yi Gang, de 60 anos, chefe do Banco Central (PBOC), da qual ele já era vice-governador desde 2008.

O economista, também formado nos Estados Unidos, substitui Zhou Xiaochuan, que presidiu o corpo desde 2002 e deve se aposentar depois que completar 70 anos.

– Tratamento equitativo –

Em um comentário recente para a revista Caixin, Yi defendeu uma maior flexibilização da conversibilidade do yuan, que permanece fortemente controlado, para aumentar a “influência do mercado” na taxa de câmbio.

No início de março, ele também defendeu a eliminação, prometida por Pequim, das restrições que limitam a participação de investidores estrangeiros em empresas financeiras chinesas, prometendo “tratamento justo”.

O novo diretor do banco central tem uma carreira incomum para um alto funcionário chinês. Ele passou cerca de 15 anos nos Estados Unidos, onde obteve um doutorado em Illinois e foi professor-assistente de Economia na Universidade de Indiana, antes de entrar no banco central chinês em 1997.

À frente do organismo, Yi Gang não terá tanta marcha de manobra quanto seus equivalentes europeus e americano, já que o PBOC atua sob controle do governo, com um papel de assessor e regulador, lembra o analista Larry Hu.

Mas a China, que agora considera o controle dos riscos financeiros uma “batalha decisiva”, com uma dívida superior a 250% do PIB, reforçou consideravelmente os poderes de supervisão do banco central.

Paralelamente, a instituição deve continuar a apoiar “a economia real” e empréstimos para empresas – um exercício de equilíbrio complicado, de acordo com Christopher Balding, professor da Universidade de Pequim.

“O PBOC deve tentar reduzir o endividamento [do setor financeiro], mas sem aceitar a contrapartida inevitável”, um endurecimento das condições de crédito que podem frear a atividade, explica ele.