China e Rússia se comprometeram, nesta terça-feira (9), a reforçar a sua cooperação, durante uma visita do chanceler russo a Pequim, onde se reuniu com o presidente Xi Jinping, em um novo sinal de aproximação em plena guerra na Ucrânia.

No final de uma visita oficial de dois dias à China, o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, reuniu-se com Xi Jinping na tarde desta terça-feira.

O presidente chinês afirmou que o seu país atribui “grande importância” às relações entre Pequim e Moscou e que está disposto a trabalhar “em estreita colaboração com a Rússia” para reforçar os seus contatos bilaterais e a coordenação no cenário internacional, segundo a televisão estatal chinesa CCTV.

Da mesma forma, Xi garantiu que ele e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, concordaram em “manter um diálogo estreito” para garantir o desenvolvimento estável das relações bilaterais.

Durante o seu encontro com Lavrov, o presidente chinês também pediu que Pequim e Moscou “unam os países do ‘Sul global'”, que engloba principalmente nações sul-americanas e africanas, e que “promovam uma reforma do sistema de governança mundial”.

Antes de se encontrar com Xi Jinping, Lavrov conversou com o seu homólogo chinês, Wang Yi, que lhe prometeu que “a China apoiará o desenvolvimento estável da Rússia sob a liderança de Putin”.

– “Apoio firme” –

“Pequim e Moscou continuarão fortalecendo sua cooperação estratégica no cenário mundial e fornecendo apoio firme um ao outro”, disse Wang Yi durante a reunião, de acordo com o agência russa RIA Novosti.

O ministro russo agradeceu à China por seu “apoio” após a recente reeleição de Putin, na qual não enfrentou nenhuma oposição real.

Nos últimos anos, China e Rússia intensificaram a cooperação econômica e os contatos diplomáticos, com uma aliança estratégica que cresceu desde a invasão da Ucrânia.

A China afirma ser uma parte neutra no conflito ucraniano, mas enfrenta críticas por se recusar a condenar a ofensiva de Moscou.

Analistas afirmam que a China tem a posição dominante na sua relação com a Rússia e que a sua influência cresce à medida que o isolamento internacional de Moscou se intensifica.

Esta assimetria está “mudando a favor da China”, uma vez que o seu apoio permite a Moscou “continuar a luta, ao fornecer-lhe materiais muito necessários para a sua máquina de guerra”, disse Alexander Gabuev, diretor do Carnegie Russia Eurasia Center, à AFP.

“A China tem maior poder de negociação e muito mais opções do que a Rússia, e a sua influência sobre o seu vizinho do norte está em constante crescimento”, acrescentou. “A Rússia se prendeu em uma vassalagem com a China”.

As potências ocidentais também exigem que a China utilize a sua influência sobre a Rússia para levar a paz à Ucrânia.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, criticou na semana passada que “a China continua fornecendo materiais” para apoiar o complexo militar-industrial russo.

– “Sanções ilegais” –

Durante a coletiva de imprensa com Wang Li, Lavrov criticou as sanções impostas pelos países ocidentais contra Moscou e outros países.

O Ocidente “aplica sanções ilegais contra inúmeros Estados, entre eles a Rússia, claro”. “Esta política também está começando a ser aplicada ativamente contra (a China)”, alertou.

O chanceler chinês defendeu a colaboração entre Pequim e Moscou.

“Como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e grandes potências emergentes, China e Rússia devem claramente estar do lado do progresso histórico, da igualdade e da justiça”, disse Wang.

“Devemos opor-nos a qualquer hegemonia, tirania ou intimidação, à mentalidade da Guerra Fria e a qualquer incitamento à divisão e ao confronto”, enfatizou.

O ministro chinês indicou também que ele e o seu homólogo russo falaram sobre a guerra na Ucrânia.

“Quero enfatizar que, como grande potência responsável, a China sempre decide as suas posições de forma independente, com base nos acertos e erros específicos de cada situação”, observou Wang Yi.

“Ao mesmo tempo, como força de paz e estabilidade, a China continuará a desempenhar um papel construtivo no cenário internacional (…) e nunca colocará lenha na fogueira”, assegurou.

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