China pagará R$ 2,8 mil/ano por criança para tentar elevar natalidade

China pagará R$ 2,8 mil/ano por criança para tentar elevar natalidade

"PopulaçãoPaís tenta reverter queda populacional, mas analistas avaliam que medida isolada não será suficiente. Províncias também oferecem auxílio-creche e discutem ampliar licença-maternidade.O governo chinês oferecerá aos pais subsídios de 3.600 yuans (R$ 2.803) por ano por criança menor de três anos, informou nesta segunda-feira (28/07) a imprensa estatal da China.

A população da China diminuiu por três anos consecutivos, e o segundo país mais populoso do mundo – depois da Índia – enfrenta uma crise demográfica crescente.

O número de 9,54 milhões de nascimentos em 2024 foi a metade do registrado em 2016, quando o governo pôs fim à política do filho único, que estava em vigor há mais de três décadas.

A taxa de casamento na China também atingiu uma baixa recorde, e os casais jovens adiam ter filhos devido ao alto custo de criá-los e a preocupações com suas respecivas carreiras.

Províncias pressionam para aumentar a natalidade

Mais de 20 governos provinciais na China passaram a oferecer subsídios para creches, de acordo com dados oficiais.

Em março, Hohhot, capital da Mongólia Interior, no norte da China, começou a dar dinheiro às famílias para que tivessem mais filhos. Casais com três ou mais filhos podem receber até 100 mil yuans (R$ 78,1 mil) por cada bebê.

Em Shenyang, na província de Liaoning, no nordeste do país, as autoridades locais já concedem às famílias que têm um terceiro filho 500 yuans (R$ 390) por mês até que a criança complete três anos.

Para criar uma "sociedade favorável à fertilidade", a província de Sichuan, no sudoeste da China, propõe aumentar a licença-casamento de 5 para 25 dias e mais que dobrar a atual licença-maternidade de 60 dias para 150 dias.

Passo positivo, mas limitado

Analistas disseram que os subsídios são um passo positivo, mas alertaram que não serão suficientes por si só para reverter o declínio populacional da China ou elevar o consumo doméstico.

Zhiwei Zhang, presidente e economista-chefe da empresa de consultoria Pinpoint Asset Management, disse à Reuters que o novo subsídio demonstra que o governo reconheceu o "sério desafio" que a baixa fertilidade representa para a economia.

Zichun Huang, economista especializado em China da Capital Economics, afirmou que a política representa um "marco importante" em termos de auxílio direto às famílias e pode lançar as bases para mais transferências de recursos no futuro.

Mas ele também considera que os valores são muito pequenos para ter um "impacto de curto prazo na taxa de natalidade ou no consumo".

"Para casais jovens que acabaram de se casar e já têm um bebê, isso pode realmente incentivá-los a considerar ter um segundo filho", disse Wang Xue, mãe de um menino de nove anos de Pequim. Ela, porém, afirmou que as novas medidas não seriam suficientes para convencê-la a ter um segundo filho.

"Ter um filho é administrável, mas se eu tivesse dois, poderia sentir um pouco de pressão (financeira)", disse a mulher de 36 anos.