Os presidentes da China e da Rússia, Xi Jinping e Vladimir Putin, destacaram neste sábado a proximidade entre as duas potências, que vivem tensões crescentes com o Ocidente, em uma cerimônia em Pequim onde foram assinados tratados bilaterais.

“Rússia e China têm pontos de vista muito parecidos, e inclusive praticamente idênticos, na cena internacional”, afirmou Putin durante sua quarta viagem à China desde que Xi foi nomeado presidente, em 2013.

Putin acrescentou que as suas conversas com Xi versaram sobre “o reforço conjunto da luta contra o terrorismo” e sobre o programa nuclear norte-coreano, a situação na Síria e a estabilidade no mar da China Meridional.

Os dos países compartilham, entre outras preocupações geoestratégicas, um forte receio em relação aos Estados Unidos. Costumam votar de forma similar no Conselho de Segurança da ONU, onde ambos têm direito de veto, muitas vezes em oposição aos outros membros permanentes, em temas como o conflito sírio.

As reivindicações chinesas sobre a quase totalidade do mar da China Meridional, onde Pequim construiu ilhas artificiais de uso militar, aumentaram as tensões com seus vizinhos e com os Estados Unidos.

Em relação à Rússia, sua anexação da península ucraniana da Crimeia e seu apoio a movimentos separatistas no leste da Ucrânia levaram suas relações com o Ocidente ao seu pior momento desde o fim da Guerra Fria.

Moscou, submetida a sanções, procura reorientar suas exportações de petróleo e gás em direção ao continente asiático, e elabora uma aliança energética com Pequim.

– ‘Amigos para sempre’ –

Xi lembrou que neste ano se comemorará o 15º aniversário do tratado de amizade sino-russo e expressou seu desejo de que ambos os países continuem sendo “amigos para sempre”.

Depois, participaram da assinatura de 30 acordos bilaterais nas áreas de comércio, infraestrutura, diplomacia, tecnologia, agricultura, finanças, energia, esportes e meios de comunicação.

Um desses acordos, entre o gigante do petróleo russo Rosneft e a China Petrochemical Corporation (Sinopec), prevê a construção de uma processadora de gás e de uma usina petroquímica na Sibéria oriental.

Xi e Putin assinaram pessoalmente duas declarações conjuntas, uma sobre o “reforço da estabilidade estratégica mundial” e a outra sobre a promoção do desenvolvimento da informação e do ciberespaço.

Xi defendeu uma maior cooperação entre as agências informativas oficiais da Rússia e da China, a fim de que ambos os países possam “aumentar conjuntamente a influência” dos seus meios na formação da opinião pública internacional.

O governante Partido Comunista Chinês intensificou a repressão de dissidentes desde que Xi chegou ao poder, enquanto Putin é alvo de críticas por violações aos direitos humanos.

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