China e Japão convocam embaixadores para consultas após choque diplomático sobre Taiwan

China e Japão convocaram para consultas seus respectivos embaixadores após os comentários da primeira-ministra japonesa sobre Taiwan, uma ilha de regime democrático que Pequim reivindica como sua e não descarta recuperar pela força se julgar necessário.

A nova primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, primeira mulher a governar o país, disse na semana passada no Parlamento que um ataque armado da China contra Taiwan poderia justificar o envio de tropas para apoiar a ilha, em virtude da “autodefesa coletiva”.

Após essas declarações, o vice-ministro das Relações Exteriores chinês, Sun Weidong, convocou na quinta-feira o embaixador japonês, Kenji Kanasugi.

Segundo um comunicado do ministério chinês nesta sexta-feira (14), Sun apresentou uma queixa formal ao embaixador japonês “pelas declarações equivocadas da primeira-ministra japonesa”.

“Se alguém se atrever a interferir de qualquer forma na causa da unificação da China, este país sem dúvida responderá com firmeza”, acrescenta o comunicado.

O Japão também convocou seu embaixador na China para consultas, depois que um cônsul chinês pediu para “cortar a garganta” de Takaichi em uma publicação online que foi posteriormente eliminada.

Takaichi também disse no Parlamento que se uma emergência em Taiwan implica “navios de guerra e o uso da força, isso poderia constituir uma situação que ameace a sobrevivência [do Japão], independentemente do ponto de vista”.

Em resposta a esses comentários, o cônsul-geral da China em Osaka, Xue Jian, ameaçou em uma publicação nas redes sociais, que apagou depois, “cortar aquela garganta imunda sem hesitar nenhum segundo”, embora não tenha mencionado explicitamente Takaichi.

A Chancelaria japonesa reagiu convocando o embaixador Wu Jianghao e “protestou energicamente contra as declarações extremamente inadequadas”.

O secretário do gabinete japonês, Minoru Kihara, ratificou nesta sexta-feira que a postura de seu governo sobre Taiwan se mantém “coerente” com a Declaração Conjunta Japão-China de 1972, documento no qual o Japão reconheceu a política de “uma só China”.

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