O Canadá denunciou na ONU, nesta terça-feira (22), em nome de cerca de 40 países, a situação dos direitos humanos na região chinesa de Xinjiang e em Hong Kong, enquanto Pequim respondeu pedindo uma investigação sobre as violações dos direitos dos povos autóctones do Canadá.

Lida pelo Canadá perante o Conselho de Direitos Humanos – o órgão máximo da ONU nesta matéria -, a declaração conjunta sobre a China era esperada há vários dias por muitos diplomatas e ONGs em Genebra, o que deu a Pequim tempo para preparar sua defesa.

“Estamos seriamente preocupados com a situação dos direitos humanos na Região Autônoma Uigur de Xinjiang. Relatórios confiáveis indicam que mais de um milhão de pessoas foram detidas arbitrariamente em Xinjiang e que existe uma vigilância generalizada que afeta os uigures e os membros de outras minorias, de forma desproporcional, assim como restrições às liberdades fundamentais e à cultura uigur”, declarou a embaixadora canadense na ONU, Leslie Norton.

Pequim nega esse número e fala em “centros de formação profissional” para estimular o emprego e combater o extremismo religioso.

Assinada por cerca de 40 países, incluindo Estados Unidos e França, a declaração pede à China que dê “acesso imediato, significativo e sem obstáculos de observadores independentes a Xinjiang, incluindo a alta comissária (dos direitos humanos, a chilena Michelle Bachelet”.

“Por último, seguimos profundamente preocupados com a deterioração das liberdades fundamentais em Hong Kong, em virtude da Lei de Segurança Nacional, e com a situação dos direitos humanos no Tibete”, disse Norton.

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A China já havia sido apontada, em declaração anterior firmada por dezenas de países, pela situação dos uigures e de outras minorias em Xinjiang.

Em uma primeira resposta ao Canadá, um representante chinês leu uma declaração conjunta – em nome de Rússia, Belarus, Coreia do Norte, Venezuela, Irã, Síria e Sri Lanka, conforme a ONU – sobre as “graves violações dos direitos humanos dos povos autóctones no Canadá”.

A declaração se refere à recente descoberta dos restos mortais de 215 crianças perto de um antigo internato administrado pela Igreja Católica no oeste do Canadá. O texto pede que sejam investigados todos os casos, “nos quais tenham sido cometidos crimes contra os povos autóctones”.

De acordo com a declaração, “entre a década de 1830 e a de 1990, mais de 150.000 crianças nativas do Canadá foram supostamente separadas à força de seus pais”.

Os signatários deste texto também expressaram sua “profunda preocupação com a discriminação dos imigrantes no Canadá e o tratamento desumano que recebem nos centros de detenção canadenses”.

O representante de Belarus leu uma outra declaração conjunta, “em nome de 64 países, apoiando a China e enfatizando que Hong Kong, Xinjiang e Tibete são assuntos internos da China”.


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