A China disse nesta sexta-feira (24) que não está pedindo às empresas que forneçam dados obtidos no exterior, em um momento em que seu aplicativo TikTok pode ser banido nos Estados Unidos por questões de segurança nacional.

Pequim “nunca pediu e não pedirá a empresas ou indivíduos que coletem ou entreguem dados de países estrangeiros de uma forma que viole a lei local”, disse Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em entrevista coletiva.

A plataforma de vídeos curtos subsidiária do grupo chinês ByteDance é acusada de fornecer ao governo de seu país o acesso aos dados de seus usuários em todo o mundo, embora o Tiktok negue esta informação.

Pequim rechaçou as alegações dizendo que “atribui grande importância à proteção de dados privados”.

“O governo dos EUA não apresentou nenhuma evidência de que o TikTok represente uma ameaça à segurança nacional, mas repetiu presunções de culpa e ataques inaceitáveis” contra a empresa, disse a porta-voz.

“Também observamos que alguns no Congresso dos Estados Unidos declararam que tentar banir o TikTok representava perseguição política xenófoba”, insistiu.

O CEO do TikTok, Shou Zi Chew, foi interrogado na quinta-feira por congressistas republicanos e democratas dos EUA, que temem que Pequim possa usar o TikTok para espionagem e coleta de dados.

A Casa Branca, a Comissão Europeia, os governos canadense e britânico, além de outras organizações também proibiram recentemente seus funcionários de usarem o TikTok em aparelhos utilizados para fins profissionais.

A polêmica está centrada em uma lei chinesa de 2017, que exige que empresas nacionais forneçam dados pessoais relevantes para a segurança nacional às autoridades que os solicitarem.

– Suspeitas –

Durante o interrogatório, Chew reconheceu que alguns dados pessoais dos americanos ainda estavam sujeitos à lei chinesa, mas insistiu que isso mudará em breve.

O CEO prometeu que até o final do ano todas essas informações ligadas aos 150 milhões de usuários do país seriam gerenciadas exclusivamente por servidores do grupo americano Oracle.

A ByteDance já havia reconhecido em novembro de 2022 que a equipe chinesa poderia ter acesso aos dados de usuários europeus.

Em dezembro a empresa explicou que vários funcionários utilizaram dados para espionar jornalistas. Mas o grupo nega veementemente qualquer controle do governo chinês ou acesso a essas informações.

“ByteDance não é propriedade nem está controlada pelo governo chinês e é uma empresa privada”, disse Chew aos congressistas.

“Acreditamos que são necessárias regras claras e transparentes que se apliquem amplamente a todas as empresas de tecnologia: a propriedade não é o núcleo da abordagem dessas preocupações”, acrescentou Chew.

“Acho que o governo comunista de Pequim sempre terá o controle e a capacidade de influenciar o que fazem”, respondeu o democrata Frank Pallone.

O TikTok, que ganhou popularidade durante a pandemia de covid-19, atualmente registra mais de um bilhão de usuários ativos em todo o mundo.

Nos últimos anos, ultrapassou YouTube, Twitter, Instagram e Facebook em “tempo gasto” por adultos americanos em cada plataforma e está muito próximo de alcançar a Netflix, de acordo com a empresa Insider Intelligence.