O governo chinês afirmou, nesta terça-feira (6), que o editor sueco Gui Minhai se encontra preso por “aplicação do Direito Penal”, após ser detido em janeiro, quando estava acompanhado de diplomatas suecos.

“Devido às violações das leis chinesas, as autoridades competentes adotaram medidas judiciais coercitivas contra Gui Minhai”, disse o porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Geng Shuang.

Na segunda-feira, a Suécia denunciou o sequestro “brutal” de Gui, de 53 anos, na China e exigiu sua libertação imediata.

Gui foi detido há duas semanas em um trem para Pequim, na companhia de dois diplomatas suecos. Esta foi a segunda vez que desapareceu em obscuras circunstâncias, sob custódia das autoridades chinesas.

Até agora, nenhuma justificativa oficial havia sido dada para sua detenção.

Ontem, a ministra sueca das Relações Exteriores, Margot Wallstrom, classificou a captura como uma “intervenção brutal” que “contraria as normas internacionais básicas sobre o apoio consular”.

Já a Chancelaria chinesa disse que ambos os países “mantiveram uma comunicação fluida” no caso e rejeitou as críticas de Estocolmo, chamando-as de “irresponsáveis”.

“A China nunca aceitará as observações irresponsáveis do lado sueco e pedimos firmemente à parte sueca que se abstenha de fazer coisas que minarão o respeito mútuo e a imagem geral das relações bilaterais”, afirmou o Ministério chinês.

Há até dois anos, Gui Minhai trabalhava em Hong Kong – território chinês autônomo com amplas liberdades públicas – para a editora Mighty Current, especializada em títulos sobre a vida privada de dirigentes chineses. Essas publicações são proibidas do outro lado da fronteira.

Em 2015, porém, Gui desapareceu durante suas férias na Tailândia, antes de ressurgir em um centro de detenção chinesa. Em fevereiro de 2016, apareceu chorando na televisão chinesa e confessando seu envolvimento em um acidente de trânsito por estar embriagado anos antes.

As autoridades chinesas anunciaram sua libertação em outubro de 2017, mas sua filha garantiu à rádio sueca que, desde que saiu da prisão, seu pai foi instalado em um apartamento da polícia sob vigilância.