A China defendeu nesta segunda-feira (18) sua polêmica ofensiva de segurança na remota província de Xinjiang, onde os uigures e outras minorias da Ásia Central são violentamente reprimidos.

Quase 13.000 “terroristas” foram detidos desde 2014 nesta grande província, limítrofe com Paquistão e Afeganistão, segundo um documento oficial publicado pelo Conselho do Estado, principal órgão do Executivo chinês.

Quase um milhão de uigures e membros de outras minorias muçulmanas foram internados em campos de reeducação, de acordo com as estimativas da ONU.

A China nega a existência de campos de reeducação, mas nos últimos meses se referiu aos locais como “centros de formação profissional”, onde os estudantes se matriculam de maneira voluntária.

A região já foi cenário de atentados violentos atribuídos pelas autoridades chinesas a separatistas, ou a islamitas uigures.

De acordo com o documento publicado pelo Conselho de Estado, as “medidas preventivas” provocaram uma “mudança notável” na região, com uma população que tem “maior sensação de satisfação, felicidade e segurança”.

Mas “ex-internos” dos acampamentos denunciaram que estavam detidos por transgressões como usar uma barba longa.

O documento afirma que Pequim continuará “implacável em sua resposta, de acordo com a lei, a qualquer comportamento que defenda o terrorismo e o extremismo”.

Também destaca que Xinjinag – região que abriga uma importante comunidade muçulmana, culturalmente próxima à Ásia Central e onde o mandarim não é a principal língua – faz parte da China há muito tempo, mas que “o terrorismo e as forças extremistas” fomentaram atividades separatistas, “falsificando” a história da região.

“Desde 2014, Xinjiang desmantelou 1.588 grupos violentos e terroristas, deteve 12.995 terroristas, apreendeu 2.052 dispositivos explosivos, puniu 30.645 pessoas por 4.858 atividades religiosas ilegais e confiscou 345.229 cópias de material religioso ilegal”, afirma o relatório.

“O trabalho antiterrorista e a luta contra a radicalização em Xinjiang sempre aconteceram de acordo com a legislação”, completa o documento.

O texto foi rapidamente criticado pelos grupos de defesa dos direitos dos uigures, que o chamaram de “desculpa política para suprimir os uigures”.

“O objetivo de publicar este documento é uma maneira de buscar o apoio local para esta política extrema e acobertar abusos dos direitos humanos”, afirmou em um comunicado Dilxat Raxit, porta-voz no exílio do Congresso Mundial Uigur.

Pequim também iniciou uma ofensiva de relações públicas nos últimos meses ao organizar viagens de jornalistas e diplomatas à região e aos centros de internação.